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Em Congonhas 'piloto sabe que não pode errar', diz professor
Do Diário OnLine
Com Agência Brasil
18/07/2007 | 18:57
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O alto nível de estresse a que pilotos são submetidos ao realizar pousos no aeroporto de Congonhas pode ter influenciado o acidente com o avião da TAM, que transportava 186 pessoas e explodiu após colisão com um terminal de cargas na noite de terça-feira, em São Paulo.

A avaliação é do professor de Aeronáutica da Escola de Engenharia da USP- São Carlos, James Waterhouse, que acredita que a pressão psicológica dificulta a tomada de decisões em que o condutor precisa definir, de forma rápida, os procedimentos para evitar um acidente.

Segundo ele, as principais falhas de Congonhas são o excesso de tráfego aéreo e o tamanho das pistas, que têm 1.940 metros. “Em pista curta, o piloto sabe que não pode errar, senão é obrigado a arremeter”, avalia o professor, que cita como exemplos de comparação as pistas dos aeroportos de Galeão, com 4 mil metros, e Viracopos, com 3,7 mil.

Em entrevista à Agência Brasil, Waterhouse disse também que os pilotos evitam arremeter sempre que possível. “Na hora de pousar, se porventura o piloto precisa arremeter o avião, ele tem receio de fazer isso porque vai ter que receber uma nova autorização para pouso em seguida, vai gastar combustível da empresa, os controladores não vão gostar, vai atrasar o próximo vôo. Tudo isso faz com ele tenda, mesmo que erre no pouso, a manter o avião no solo e pousar a qualquer custo”.

O professor afirma que o estresse em Congonhas é maior que em outros aeroportos. “É como se você estivesse dirigindo numa estrada vazia e de repente chegasse a uma avenida de São Paulo, cheia, com trânsito rápido. Você fica tenso. No ar, é a mesma coisa: você chega e está todo mundo perto do outro, você tem pouco tempo para fazer todos os procedimentos e isso aumenta muito a pressão”.

A pista em que ocorreu o acidente havia sido liberada após reforma há pouco mais de duas semanas. A liberação ocorreu antes que estivessem prontas as obras para aumentar a aderência do asfalto com os pneus dos aviões.

Na avaliação do professor, a pista sem o grooving [ranhuras para evitar o acúmulo de água na pista] não deveria ter sido aberta para aviões pesados, como o modelo Airbus, em caso de chuva forte.




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