Economia Titulo Emprego
Ritmo de baixas na indústria desacelera

Total de demitidos em setembro, 250
operários, é 18 vezes inferior ao em 2016

Gabriel Russini
Especial para o Diário
11/10/2017 | 07:28
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ANPr/Fotos Públicas


Apesar de ainda registrar mais demissões do que contratações, a indústria do Grande ABC está começando a olhar a recessão pelo retrovisor. Na comparação interanual entre os meses de setembro de 2016 e 2017, o ritmo de dispensas é 18 vezes menor. No ano passado, foram verificados 4.300 cortes do nono mês, o que corresponde a 143 baixas diárias. Neste ano, por outro lado, foram registradas 250 rescisões do contrato de trabalho, o que equivale a oito por dia.

Outro indicativo de que o cenário está mudando é o volume de profissionais dispensados no acumulado do ano. De janeiro a setembro, 3.500 perderam o emprego no ramo industrial da região, montante inferior do que o registrado somente no nono mês de 2016 e correspondente a 13 dispensas por dia. Em igual período do passado, o saldo era negativo em 19 mil postos, ou 69 diários – compasso cinco vezes maior.

Os dados são do levantamento mensal realizado pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) com suas empresas associadas.

Na avaliação do diretor titular do Ciesp São Bernardo, Mauro Miaguti, o resultado, embora ainda negativo, é indicativo de retomada para o setor. “Estamos parando de demitir, o que é bom. A tendência é que esse movimento (de menos demissões e mais contratações) venha a se fortalecer nos próximos meses.”

Ainda segundo Miaguti, outro fator que acaba estimulando o setor é o anúncio de investimentos. “Divulgações de aportes como os da Volkswagen e da Mercedes-Benz acabam criando cenário favorável para o empresariado da região.” Em agosto, a Volks comunicou a injeção de R$ 2,6 bilhões até 2020 para a fabricação do novo Polo e do sedã Virtus, além de confirmar a produção de outros dois modelos, um SUV e uma picape, ainda sem nome. A Mercedes, na segunda-feira, também anunciou novo ciclo de investimentos, de R$ 2,4 bilhões partilhados entre as fábricas de São Bernardo e Juiz de Fora (Minas Gerais) entre 2018 e 2022.

De acordo com Miaguti, mesmo que em um primeiro momento não tragam com eles a geração de emprego, os aportes devem movimentar a cadeia e, consequentemente, trazer impactos positivos para as sete cidades.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o caminho de recuperação do segmento ainda é longo, mas já há sinais claros de que a economia regional está saindo do período de grave recessão. “Notícias como essas (investimentos anunciados pelas montadoras) são boas porque impactam todo o elo produtivo gerando empregos e renda, além de inverter o cenário negativo dos indicadores. Não há investimento sem percepção de crescimento.”

SETORES - Apesar dos investimentos, o emprego industrial na região ainda foi influenciado pelas variações negativas dos segmentos de veículos automotores e autopeças (-0,53%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-0,62%), máquinas e equipamentos (-0,46%) e produtos alimentícios (-0,88%).

Das quatro diretorias regionais, a única a verificar desempenho positivo foi a de Santo André (que também engloba Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), com saldo positivo da criação de 350 empregos. Por outro lado, São Bernardo (-450), Diadema (-100) e São Caetano (-50) fecharam o mês no vermelho.
 




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