O equilíbrio marcou o segundo dia do desfile do Grupo Especial do Rio, que colocou Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense, Salgueiro e Viradouro como favoritas. Pesquisa feita pelo Ibope no sambódromo, nas duas noites de festa, aponta a Mocidade Independente de Padre Miguel, que se apresentou na madrugada de segunda-feira, como a preferida do público. A Mangueira cometeu erros na evoluçao, teve carros quebrados, e está praticamente fora da disputa. O resultado oficial será conhecido na tarde desta quarta.

Um dos pontos altos da última noite de desfile das principais escolas do Rio ficou por conta da Beija-Flor, escola de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Com exuberância, carros alegóricos ricos em criativade e um ótimo samba, de autoria de Igor Leal, 17 anos, e Cristiano Emílio, 21, a escola foi saudada no final de sua apresentaçao com gritos de campea. O que pode pesar contra a Beija-Flor é o seu enredo: "Brasil, um coraçao que pulsa forte: pátria de todos ou terra de ninguém?". Confuso e extenso, nem os diretores da escola conseguiam explicá-lo.

Também com carros luxuosos e criativos, a Imperatriz Leopoldinense contou na avenida a história da viagem que levou Pedro Alvares Cabral a descobrir o Brasil. Já conhecida por sua perfeiçao na Sapucaí, a escola campea do carnaval de 1999 manteve a tradiçao e fez um desfile sem erros. A carnavalesca Rosa Magalhaes abusou de cores fortes, como preto e vermelho, principalmente nos primeiros carros que fizeram referências ao comércio de Portugal com a Asia e a Africa.

Há seis anos à frente da bateria da Imperatriz, a atriz e modelo Luíza Brunet fez sucesso com uma roupa de africana, nas cores preto, vermelho e amarelo. A evoluçao foi um dos pontos fortes da escola, que acumulou notas máximas neste quesito nos últimos carnavais. A Imperatriz encerrou o desfile dois minutos antes do tempo estipulado, o que foi motivo de comemoraçao de diretores da agremiaçao. Na dispersao, algumas pessoas também gritavam "é campea".

Otimismo - O Salgueiro, terceira escola a desfilar na noite desta segunda, também deixou o sambódromo embalado por gritos de "é campea". O refrao fácil do samba-enredo (vou brincar com meu amor/eu vou que vou) e a presença da modelo Joana Prado, a Feiticeira, empolgaram o público, que dançou, cantou e aplaudiu a agremiaçao durante todo o desfile. Com o enredo "Sou Rei Sou Salgueiro, Meu Reinado é Brasileiro", o carnavalesco Mauro Quintaes procurou contar a história da chegada da família real portuguesa ao Brasil com uma visao um pouco diferente da tradicional.

A Viradouro encerrou o desfile já na manha desta terça e recebeu a mesma manifestaçao do público, que, das arquibancadas populares da Praça da Apoteose, apontava a escola como provável vencedora do carnaval. A Viradouro apresentou-se com correçao, com Joaozinho Trinta à frente, pedindo aplausos. "Estou tao cansado que nem tive tempo de me emocionar", disse ele, após a passagem da escola. "Foi um desfile de campea", previu. A madrinha da bateria da Viradouro, Luma de Oliveira, estava eufórica. "Devo tudo que sou a esse asfalto", disse, referindo-se à Marquês de Sapucaí.

A Uniao da Ilha do Governador veio compacta, animada, luxuosa e com muita garra. O carnavalesco Mário Borrielo provou que falar de assuntos pesados pode ser leve no sambódromo, O enredo da Ilha era "Para nao dizer que nao falei de flores", contando o período da última ditadura militar no Brasil.

Verde e Rosa - Com problemas em três carros alegóricos, a Mangueira, a segunda a desfilar na noite de segunda-feira, sofreu problemas na evoluçao. Muito irritado ao final do desfile o presidente da escola, Elmo José dos Santos, nao quis comentar os problemas. Ele se limitou afirmar que a escola cumpriu seu papel. "A Mangueira a cada ano está se aperfeiçoando, juntando técnica com emoçao", disse. A escola levou para o sambódromo a luta pela liberdade dos negros no Brasil através da história de Dom Obá II.

A Unidos da Tijuca, que abriu o desfile na noite desta segunda, apresentou um bom samba, seu maior trunfo para continuar no Grupo Especial.