O Ibovespa, principal indicador da B3 (junção da BM&FBovespa com a Cetip), Bolsa de Valores de São Paulo, fechou o pregão de ontem aos 74.318 pontos, maior nível desde a criação do índice. O recorde anterior havia sido atingido em maio de 2008, aos 73.516 pontos, embalado pelo selo de bom pagador que o Brasil tinha recebido naquele ano, e meses antes de a crise econômica mundial eclodir.

O bom resultado se deveu a série de fatores externos – como a menor tensão geopolítica e o enfraquecimento do furacão Irma – e internos, a exemplo das projeções de alta do PIB (Produto Interno Bruto), queda da inflação e dos juros e reforma da Previdência.

Na avaliação do professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) George Sales, o oitavo corte seguido da Selic, que a levou a 8,25%, contribui bastante. Assim como a queda do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que no acumulado do ano chegou a 1,62%, menor patamar da série histórica. Ambos, inclusive, têm projeção de queda pelo boletim Focus; a taxa de juros deve terminar 2017 em 7% ao ano, ante 7,25% e, a inflação, em 3,14%, em vez de 3,38%, Outro ponto mencionado foi a perspectiva de alta do PIB para este ano, de 0,5% para 0,6% – a terceira seguida. “Caso este cenário seja mantido até o fim de 2017, a bolsa fechará com bons resultados anuais”, diz.

Ontem, anúncio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no Twitter, também agitou o mercado de ações. Ele afirmou que as discussões sobre a reforma da Previdência foram retomadas e que sua votação deve ocorrer em outubro. “Quando as mudanças propostas pela reforma trabalhista entrarem em vigor em novembro, as empresas poderão reduzir custos e riscos de contratação. O Ibovespa é o reflexo do que pensam as empresas”, pontua.

LAVA-JATO - Mesmo com a prisão do empresário Joesley Batista, proprietário da JBS no sábado, o professor avalia que os desdobramentos da Operação Lava Jato não estão interferindo diretamente. “Neste caso, apenas uma empresa isolada sofre as consequências”, diz. “Apenas se acontecer algo muito grande, como a divulgação dos áudios do presidente Michel Temer (PMDB), o Ibovespa pode ser influenciado.”