``O objetivo principal era impressionar o mundo com o poderio dos Estados Unidos. Nao há nenhuma dúvida de que era um artefato de relaçoes públicas', revelou o físico Leonard Reiffel, numa entrevista publicada, nesta terça-feira, no jornal New York Times.

O plano consistia em equipar um míssil balístico intercontinental com uma bomba atômica e fazê-lo explodir na Lua, numa regiao bem visível para todos na Terra, disse o físico. Uma bomba de hidrogênio, disse, foi descartada porque era muito mais pesada e mais difícil de ser enviada à Lua.

Reiffel, 72 anos, disse que, em oito meses de pesquisas para este projeto ultra-secreto da Força Aérea, ele e outros cientistas simularam a visibilidade da explosao, os efeitos na superfície da Lua e seus possíveis benefícios à ciência.

Por causa da falta de gravidade na Lua, disse, a nuvem de poeira produzida por uma explosao atômica poderia voar em todas as direçoes, ao invés de tomar a forma habitual de um cogumelo.

O projeto foi abortado quando os funcionários da Força Aérea determinaram que os riscos eram maiores que os benefícios, revelou ele. ``Foi um trabalho de menos de um ano e nunca chegou até o ponto de se tornar operacional', disse o cientista.

A investigaçao foi dirigida entre maio de 1958 e janeiro de 1959, no Armour Research Foundation de Chicago, que atualmente faz parte do Instituto de Tecnologia de Illinois. Segundo Reiffel, mais de dez pessoas trabalharam no projeto, inclusive o famoso astrônomo Carl Sagan, que morreu recentemente.

``Nós mostramos vários dos efeitos que a explosao poderia causar', disse Reiffel. ``Mas o argumento mais contundente que tivemos foi que nao tinha sentido arruinar o ambiente original da Lua'. Havia outras maneiras de convencer o público de que nós nao iríamos ser superados pelos russos', afirmou.