Política Titulo Eleições
Campos se lança ao Estado e dispara contra João Doria

Deputado se coloca como candidato a governador,
mas critica tucano: ‘Trai meu irmão Alckmin’

Raphael Rocha
do Diário do Grande ABC
05/09/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Presidente paulista do PTB e aliado de primeira hora do governador Geraldo Alckmin, o deputado estadual Campos Machado afirmou que é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes e justificou que o projeto tem como base, além dos pedidos dos correligionários pelo Estado, a “traição” do prefeito da Capital, João Doria (PSDB), a Alckmin.

Em visita ao Diário, Campos admitiu que a possibilidade de Doria apresentar candidatura presidencial, em detrimento do apoio a Alckmin (seu mentor político e que trabalha para ser candidato a presidente da República pelo PSDB), estimulou seu projeto.

“Minha pré-candidatura a governador está colocada. O PTB, entre prefeitos e vice, tem 170 filiados. São 500 vereadores, fora os departamentos setoriais e diretórios do Estado. Em várias reuniões falavam para eu sair candidato a governador”, disse. “Mas temos uma prioridade, que é a eleição do meu amigo e irmão Geraldo Alckmin. Quando vejo que a candidatura dele tem uma sombra dentro do próprio partido, cria constrangimento grande e me deixa triste. Não posso aceitar, de quem quer que seja, uma traição.”

A declaração se refere à entrevista dada por Doria e publica na edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo. Ao periódico, o tucano admitiu que pode sair do PSDB e que não disputaria prévias com Alckmin pelo posto de presidenciável tucano. Doria já foi convidado pelo DEM e PMDB para lançar sua empreitada eleitoral em 2018.

“O que me deixa entristecido é saber que a lealdade, que é a cicatriz da alma de um homem, não está sendo seguida pelo prefeito João Doria. Ele governa a cidade por um aplicativo. Você percebe no governador que ele está muito machucado com a atitude do Doria. Ele enfrentou uma luta com o Fernando Henrique (Cardoso), José Serra, Aloysio (Nunes). Ele apoiou o João Doria contra o mundo. Agora o Doria quer ser candidato contra ele? Ele pode ir para qualquer partido. Mas nunca vai tirar de cima dele a pecha de traidor. Não há marca pior na história de um homem do que ser traidor. Às vezes um político desonesto amanhã pode voltar a ser honesto. Um traidor nunca mais tira dele esse carimbo”, argumentou Campos Machado.

O petebista afirmou que, embora sua candidatura ao governo do Estado esteja colocada, ela pode ser retirada caso o projeto prejudique Alckmin. Outras legendas do arco de aliados do governador já se movimentam para sucessão estadual no ano que vem. A principal articulação vem sendo conduzida pelo vice-governador Márcio França (PSB).

FARPAS
No mesmo dia em que Doria falou sobre possibilidade de sair do PSDB para ser presidenciável, Alckmin alfinetou o pupilo. Em claro recado ao prefeito paulistano, o governador criticou o discurso do “novo” adotado por Doria. “O novo é idade? Trinta, 50, 70 anos? Eu acho o FHC (Fernando Henrique Cardoso) novo, e ele tem um pouco mais que isso. Novo é nunca ter sido candidato, ter experiência pública ou mandato? O novo é, primeiro, falar a verdade, olhar nos olhos e as pessoas acreditarem e, segundo, defender o interesse coletivo, que é órfão no Brasil todo dia”, declarou Alckmin, dizendo não acreditar na desfiliação de Doria do PSDB. 




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