Para o banco, historicamente, crises fiscais estão relacionadas com fuga de recursos do País. A maior parte das vezes em que houve moratória da dívida interna nos países da América Latina, incluindo o Brasil, as moedas locais se depreciaram como consequência da saída dos investimentos estrangeiros, o que dificultou a capacidade de pagamento dos juros e da própria dívida.
A intensidade da fuga dos dólares foi influenciada pela situação das contas públicas e pela percepção dos investimentos sobre a capacidade de pagamento da dívida.
Na avaliação do Credit Suisse, um dos primeiros a prever a necessidade de mudança das metas fiscais de 2017 e 2018, a deterioração fiscal do País, rombos cada vez maiores podem afetar o crescimento de longo prazo e tornar mais frágil o real.
Reservas
O banco diz, porém, que as reservas internacionais em nível elevado - cerca de US$ 380 bilhões - e os recentes resultados positivos nas transações do Brasil com outros países - o superávit comercial já chegou a US$ 48 bilhões este ano - dão um pouco mais de tempo para o País tocar as reformas fiscais. "Dado esse cenário relativamente tranquilo, o Brasil ganha tempo, mas não sabemos quanto tempo", diz Leonardo Fonseca, economista do banco.
O resultado de todas as transações que o Brasil faz com outros países já ficou negativo ao equivalente a 4,3% do PIB em dezembro de 2014, mas agora fechou julho em 0,7% do PIB, na leitura em 12 meses.
"No momento, a posição externa mais robusta do Brasil frente a crises fiscais e externas anteriores reduz o risco de uma forte saída de capitais. Em parte, isso explica a suposta complacência dos investidores com os atuais resultados fiscais bastante negativos", diz o estudo do banco que vai ser divulgado nesta segunda aos clientes.
Se o lado exterior é benigno, o cenário para as contas públicas não é dos mais animadores. Segundo o estudo do Credit Suisse, mesmo assumindo cenários com crescimento do PIB de 2,5% nos próximos anos (acima da estimativa do banco para o crescimento potencial do País), as contas só voltarão ao azul a partir de 2021 e a dívida bruta do governo em relação ao PIB só se estabilizaria entre 2023 e 2024.
No caso de baixo crescimento (0,5% ao ano), o governo apresentaria déficits primários (resultado das receitas menos as despesas, sem contar o pagamento dos juros da dívida) pelo menos nos próximos oito anos, e a dívida bruta atingiria 123% do PIB em 2025. Hoje, a relação dívida/PIB está em cerca de 73% do PIB. A trajetória desse endividamento é um dos principais itens analisados pelas agências de classificação de risco na hora de determinar a nota de crédito de um país. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.