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Dossiê incrimina prefeito de Duque de Caxias
Do Diário do Grande ABC
22/02/2000 | 21:40
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Um dossiê encaminhado à CPI do Narcotráfico pela Polícia Federal (PF) pode transformar o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB), em um dos próximos alvos das suas investigaçoes. Segundo depoimentos de testemunhas em inquéritos em que Zito é citado, o prefeito integraria um grupo de extermínio e tráfico de drogas supostamente atuante na Baixada Fluminense. Zito repudiou as acusaçoes e disse estar sendo vítima de adversário político, "um maníaco" do PDT que já o havia acusado em 1993 e 1996, visando às eleiçoes.

Parlamentares do Rio que integram a CPI estao divididos sobre o assunto. O deputado Antônio Carlos Biscaia (PT), ex-procurador-geral de Justiça, disse nesta terça-feira que vai colocar o tema em debate. A pefelista Laura Carneiro confirmou que recebeu uma cópia do material na última sexta-feira, mas, por falta de tempo, nao o lera atentamente. Ela considera o material "eleitoral", mas afirmou que o caso será examinado cautelosamente. "Véspera de eleiçao é fogo", disse. O dossiê foi entregue à PF por Edson Lourival dos Santos, advogado de duas pessoas supostamente ameaçadas por Zito.

O superintendente da PF-RJ, Pedro Berwanger, enviou o material, em 17 de janeiro, para o diretor-geral do órgao, Agílio Monteiro Filho. No dia 25, o coordenador-geral do gabinete de Monteiro Filho, Renato Halfen da Porciúncula, mandou o dossiê ao deputado Magno Malta (PTB-ES), presidente da CPI.

Entre os documentos mandados à CPI está um depoimento de Ary Vieira Martins Júnior, testemunha do assassinato do pai, Ary Vieira Martins, subsecretário de Transportes de Duque de Caxias, morto a tiros em 14 de agosto de 1993. Martins Júnior na ocasiao disse que o pai nao deixava as ambulâncias da prefeitura saírem à noite por haver informaçoes de que eram usadas para transportar drogas. Ele contou que o subsecretário discutira com Zito porque este, entao vereador, queria interferir na garagem da administraçao municipal.

Zito foi denunciado pelo homicídio, mas nao julgado. Juarez da Rocha, um motorista, foi acusado de "contratar" o autor do crime e condenado a 17 anos de prisao. O suposto pistoleiro, Antônio Maurício Silva Luiz, sumiu. Em 20 de setembro de 1994, Martins Júnior registrou declaraçao no 23.º Ofício de Notas. No documento, ele alega que voltou atrás nas acusaçoes e disse que acusou Zito a partir de coisas que só ouvira dizer, sem provas, por estar abalado emocionalmente.

O prefeito disse que seu nome entrou no processo por meio de um aditamento da promotora Tânia Maria Salles Moreira, após a condenaçao de Rocha, com base em depoimento do guarda municipal Sidnei Tavares, um dos clientes do advogado Lourival dos Santos supostamente ameaçado. Tavares também voltou atrás: em depoimentos na Polícia e na Justiça, disse ter acusado Zito por ter sido induzido por Santos.

"Todo ano de eleiçao é essa brincadeira", afirmou Zito, que desmentiu todas as acusaçoes e anunciou que vai processar Edson Lourival dos Santos. "Sempre que tem eleiçao, buscam isso." Segundo ele, Santos foi candidato a deputado em 1994 e a prefeito em 1996, pelo PDT e já naquelas duas campanhas eleitorais tentara atingi-lo com as mesmas acusaçoes. "Agora, chega, ele vai ter de provar na Justiça", ameaçou. Zito disse que segunda-feira obteve uma certidao da Justiça comprovando que tem a "ficha limpa".




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