Economia Titulo Desestatização
Contas de luz poderão ficar mais baratas com a privatização da Eletrobras; Itaipu e Eletronuclear ficam de fora do acordo

Notícia agitou mercado financeiro, pois a Bovespa atingiu 70.092 pontos, o que não ocorria desde 2011, e ações da estatal valorizaram quase 50%

Gabriel Russini
Especial para o Diário
23/08/2017 | 07:26
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Na esteira do anúncio da privatização da Eletrobras, feito pelo governo na segunda-feira, as contas de luz poderão dar alívio ao bolso do consumidor ao baratear no médio prazo. A expectativa é do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.

Para Coelho Filho, a gestão privada deve trazer mais eficiência e redução nos gastos, o que pode puxar para baixo o custo da eletricidade. Segundo nota do ministério, não há espaço para a elevação de tarifas. “Não é mais possível transferir os problemas para a população. A saída está em buscar recursos no mercado de capitais atraindo novos investidores e novos sócios.” A decisão, ainda segundo a Pasta, foi adotada após “profundo diagnóstico sobre o processo em curso de recuperação da empresa”, que acumulou deficit na ordem de R$ 29 bilhões nos quatro últimos anos. O governo não incluirá na privatização a Eletronuclear nem a usina de Itaipu.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a estatal não tem saída na atual conjuntura. “A ideia (de privatização) é tornar a empresa mais eficiente, o que no futuro pode incidir em contas de luz mais baratas ao consumidor.”

Quem se manifestou contra a proposta de privatização da Eletrobras foi a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na rede social Twitter, Dilma disse que a medida vai implicar o aumento na conta de luz para os consumidores. “Vender a Eletrobras é abrir mão da segurança energética. Como ocorreu em 2001, no governo FHC, significa deixar o País sujeito a apagões.” Para a ex-presidente, o governo irá vender as principais hidrelétricas na “bacia das almas” para cumprir “meta fiscal irreal”.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou aumento do deficit fiscal para o biênio 2017 e 2018 de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões. Para Balistiero, o processo não pode ser tratado como questão pontual. “Se a ideia for voltada somente para conter o deficit do governo, será ruim.”

Questionadas a respeito da possibilidade de redução da conta de luz, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) disse que “não há que comentar, e que é uma agência reguladora, e não uma empresa”. A Eletropaulo também afirmou que não há o que falar sobre o caso.

Ontem, o mercado financeiro ficou eufórico com a notícia da privatização, e a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o pregão aos 70.011 pontos – a última vez terminou acima dos 70 mil foi em janeiro de 2011. As ações da Eletrobras subiram quase 50%. Balistiero diz que o processo de valorização é natural. “O objetivo é salvar a empresa do buraco, o que sinaliza algo positivo aos investidores.” 




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