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Credora, Sabesp admite negociar com Mauá e Santo André

Municípios possuem dívidas bilionárias com a estatal paulista e tentam solucionar impasse

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
09/08/2017 | 07:00
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Montagem/DGABC


A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) admitiu que pode negociar com os municípios de Santo André e de Mauá, que possuem dívidas bilionárias com a estatal. O passivo foi confirmado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que no fim do mês passado arquivou inquérito movido pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) contestando o débito cobrado pela companhia estadual.

O Semasa deve R$ 1,7 bilhão à Sabesp. A Sama, R$ 2 bilhões. Os valores decorrem de dois pontos: pagamento menor da fatura cobrada pela estatal na venda do metro cúbico da água e rompimento de contrato na década de 1990, quando a Sabesp também administrava o serviço de distribuição de água nos municípios.

Segundo o Diário apurou, embora tenha possibilidade de executar a dívida nas duas cidades, a direção da Sabesp optará pelo diálogo num primeiro momento, até pela afinidade de governos – o prefeito de Santo André é Paulo Serra, do PSDB, mesmo partido do governador Geraldo Alckmin; o chefe do Executivo de Mauá é Atila Jacomussi, do PSB, sigla do vice-governador Márcio França.

Na próxima semana, por exemplo, o diretor-presidente da Sabesp, Jerson Kelman, deve se reunir com Paulo Serra para tratar do assunto. Os dois se encontraram no começo do ano, mas àquela época o Cade ainda analisava o pedido de reconsideração do valor da dívida.

Também antes da decisão do Cade, o superintendente do Semasa, Ajan Marques de Oliveira (SD), publicou material interno apontando que o modelo de sociedade anônima com capital aberto seria o mais interessante para a cidade.

Em Mauá, Atila disse que o objetivo é fazer com que o município mantenha-se como parte majoritária de uma possível parceria. Na prática, Mauá cogita vender até 49% da Sama em troca do abatimento da dívida. Porém, esse tipo de negociação precisa ser ratificado por alguma auditoria externa – em Santo André, o governo Paulo Serra contratou a FGV (Fundação Getulio Vargas) para avaliação de quanto vale o Semasa e a quantia do passivo.

Em São Bernardo e Diadema, onde no passado a situação foi semelhante (dívida com a Sabesp havia sido confirmada judicialmente), a Sabesp assumiu o controle total da distribuição de água – a estatal absorveu o são-bernardense DAE (Departamento de Água e Esgoto) em 2003 e a Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) em 2013. 

Câmara ainda não pretende abrir comissão para analisar o assunto

Humberto Domiciano

A Câmara de Santo André ainda aguarda desdobramentos da negociação entre o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para definir a possível criação de uma comissão de assuntos relevantes.

“É um tema que precisamos nos debruçar com atenção, até porque faz anos que a cidade discute o assunto. Mas se algum vereador entender que deve apresentar pedido para uma comissão específica, tenho certeza que os pares vão concordar”, afirmou o presidente da Casa, o vereador Almir Cicote (PSB).

Já para o parlamentar de oposição Eduardo Leite (PT), a instalação de instrumento para analisar o tema depende da chegada de projeto de lei no Legislativo. “Vamos querer entender o que será feito e as intenções da Prefeitura para a autarquia. Queremos que o Semasa continue na cidade de Santo André. Acho ainda que o prefeito poderia discutir essa dívida e tentar uma saída negociada. (O Semasa) É importante para a cidade, já que conseguiu recentemente ampliar a capacidade de tratamento da água e não podemos simplesmente entregar para a Sabesp”, defendeu o petista.




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