Falta de transparência com relação a receitas, despesas, contratos e outros dados administrativos, supersalários e atrasos no pagamento de salários a colaboradores têm sido recorrentes na FUABC (Fundação do ABC), conforme reportagens deste Diário. Agora, porém, os desmandos ganham tom mais grave com o risco de pacientes e funcionários do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, em Mauá, ficarem sem café da manhã, almoço e janta por causa de uma dívida de R$ 2,5 milhões da instituição com a empresa responsável pelo fornecimento da alimentação.

A FUABC reconhece o débito, afirma que é do exercício passado e joga a responsabilidade pelo atraso que persiste na conta do governo do ex-prefeito petista Donisete Braga, que não teria feito os repasses. Informa ainda que os pagamentos referentes a 2017 estão rigorosamente em dia. Não faz mais do que a obrigação, ainda mais quando se sabe que o orçamento deste ano bate na casa dos R$ 2,2 bilhões. Aliás, é de se estranhar que, com todo esse dinheiro, não seja capaz de quitar essa dívida e, ato contínuo, cobrar a administração da cidade na Justiça.

São vários os questionamentos que podem ser elencados neste caso em particular, mas o que impressiona é o fato de uma instituição que cuida da saúde de milhares de pessoas colocar em risco o fornecimento de algo que é justamente a base de uma boa saúde, fundamental na recuperação de pacientes e para o pleno exercício das funções em qualquer área. Por ora, a empresa interrompeu o fornecimento do café da manhã aos funcionários, mas o caso ainda não ganhou maiores dimensões porque a FUABC encontrou maneira alternativa de oferecer o desjejum aos profissionais.

Preocupa, porém, comunicado interno no qual a empresa garante alimentação aos pacientes enquanto durarem os estoques. Não fala por quanto tempo, mas funcionários estimam que pode ser por uma semana. Ou seja, se nada for feito, faltará comida no Hospital Nardini.