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'Ouvir Nicéa é perder tempo', diz Pitta
Do Diário do Grande ABC
17/05/2000 | 08:10
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O prefeito de Sao Paulo, Celso Pitta (PTN), contou com a ajuda dos vereadores governistas no depoimento que prestou ontem à Câmara para se livrar de perguntas mais polêmicas. Durante todo o interrogatório, os aliados do prefeito trocaram acusaçoes com os vereadores da oposiçao que integram a comissao processante, que analisa as denúncias de irregularidades na administraçao paulista. Pitta afirmou que todas as acusaçoes feitas pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta até o momento sao infundadas e nao merecem ser ouvidas. "É perda de tempo ouvir o que ela (Nicéa) fala em cada ocasiao", disse.

O depoimento começou às 9h45 e durou cerca de sete horas. Pitta respondeu a praticamente todas as acusaçoes incluídas na denúncia feita pela seçao paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, que deu origem ao processo de impeachment. Entre elas, a suspeita de irregularidades na emissao de títulos públicos para pagamentos de precatórios, os empréstimos pessoais realizados pelo empresário Jorge Yunes, as investigaçoes realizadas pela Polícia Civil e o Ministério Público Estadual sobre a máfia dos fiscais e a viagem que fez à França, durante a Copa do Mundo de 1998.

Sentado ao lado da presidente da comissao, vereadora Ana Maria Quadros (PSDB), o prefeito demonstrou tranqüilidade durante todo o depoimento e respondeu à maioria das questoes, negando qualquer irregularidade. A sua frente, os membros da oposiçao e situaçao alternavam-se nas perguntas. Enquanto a situaçao elaborava perguntas mais simples, Devanir Ribeiro (PT) e Roberto Trípoli (PSDB) buscavam detalhes sobre assuntos mais complexos, como os empréstimos realizados pelo empresário Yunes.

Pitta admitiu que recebeu os empréstimos de Yunes, porque, segundo ele, nao queria comprometer o padrao de vida de sua família após ter assumido a Prefeitura, cujos vencimentos nao chegam a R$ 7 mil líquidos. Segundo ele, o dinheiro será pago quando seus bens forem desbloqueados pela Justiça. O vereador Trípoli ligou os favores pessoais de Yunes a um suposto beneficiamento em propriedades pessoais do empresário. Yunes seria favorecido em alteraçoes na Lei de Zoneamento em dois terrenos, um na Vila Maria, Zona Norte, e outro na regiao da avenida Faria Lima, na Zona Sul. Pitta negou o favorecimento, afirmando que o empresário solicitou as mudanças antes do início de sua gestao.

O clima ficou tenso quando o vereador Devanir Ribeiro começou a fazer perguntas sobre as investigaçoes realizadas durante a época da máfia dos fiscais. No momento em que foi indagado sobre o poder político dos vereadores sobre as administraçoes regionais - tema central das investigaçoes - Pitta admitiu que os vereadores já tiveram influência sobre os órgaos, mas em administraçoes passadas.

"Essa prática foi sendo extinta no decorrer dos anos e hoje é praticamente inexistente", afirmou. Em seguida, exibiu uma lista em que vereadores do PT, PDT e PSB sao acusados de indicar administradores regionais durante a gestao da ex-prefeita Luiza Erundina.

Sobre os precatórios, Pitta repetiu o discurso que fez à imprensa, afirmando que foi inocentado a partir do momento em que o Senado aprovou o refinanciamento da dívida do município, por 30 anos.

O mesmo aconteceu nas perguntas sobre a viagem que realizou à França, em 1998, acompanhado pela ex-mulher, Nicéa Camargo. Segundo o prefeito, todas as despesas foram pagas por recursos próprios, apesar de ter sido convidado por uma organizaçao. Pitta é acusado de ter a viagem custeada por uma empresa ligada à Vega Ambiental S.A, uma das empresas responsáveis pela coleta de lixo na capital. O prefeito evitou comentar as denúncias feitas pela ex-mulher.

"Prefiro que essas perguntas sejam feitas a ela', disse. Nicéa prestará depoimento, hoje, às 9h, na Câmara. O advogado do prefeito, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, solicitou que o depoimento seja fechado. Segundo ele, as respostas de Nicéa podem comprometer o depoimento das outras testemunhas. A posiçao foi apoiada pelo vereador Natalício Bezerra (PTB).

Pitta disse que pagará R$ 120 mil aos advogados Antonio Cláudio Mariz de Oliveira e Mário Sérgio Duarte Garcia pela defesa contra as acusaçoes de corrupçao e improbidade administrativa. Segundo o prefeito, o pagamento deverá ser feito em julho de 2001. A revelaçao foi feita por conta da insistência do vereador Devanir Ribeiro (PT).




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