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Indústria reduz cortes a 1/4 do eliminado em 2016

Ainda assim, 2.250 operários foram demitidos
de fábricas do Grande ABC no primeiro semestre

Gabriel Russini
Especial para o Diário
15/07/2017 | 07:19
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Divulgação


 No primeiro semestre deste ano, as fábricas do Grande ABC demitiram 2.250 trabalhadores. O montante, no entanto, equivale a um quarto do total eliminado de janeiro a junho de 2016, quando 9.100 operários perderam o emprego na indústria da região. Os dados são de levantamento da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Apesar da diminuição no ritmo de cortes na comparação com o ano passado, o Grande ABC ainda sofre com os efeitos das crises política e econômica que o País atravessa. Em junho, pelo quinto mês consecutivo, as indústrias da região apresentaram saldo negativo, desta vez, de 350 empregos – em maio, 100 postos haviam sido extintos no setor. Em junho de 2016, entretanto, 900 operários tiveram seus contratos de trabalho rescindidos. No acumulado dos últimos 12 meses, os cortes já atingiram 13.300 funcionários.

Os segmentos que mais realizaram demissões no mês passado foram veículos automotores e autopeças (-0,62%), produtos químicos (-1,45%), itens de borracha e material plástico (-0,53%), além de máquinas e equipamentos (-0,94%).

CENÁRIO CRÍTICO - Na avaliação de Sandro Maskio, economista e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, a redução no volume de pessoas demitidas não é vista como algo positivo. “As empresas da região só não demitem mais porque senão fecham as portas, o que é muito ruim”, assinalou. “É como se um doente em estado crítico apresentasse melhora em seu quadro clínico, mas permanecesse internado”, exemplificou.

Ainda na concepção de Maskio, a turbulência no cenário político é um dos fatores que influencia no atraso da retomada da economia. “Os empresários não vão querer investir pesado em um ambiente desfavorável como o nosso”, comentou o economista.

O panorama já complicado foi abalado recentemente pela delação de um dos donos do frigorífico JBS, Joesley Batista, no qual o presidente Michel Temer (PMDB) é denunciado por dar o aval da compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), preso em Curitiba, no Paraná. Outro fator que afetou o cenário foi o processo de cassação da chapa Dilma/Temer, negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em junho após quatro dias de julgamento.

Na avaliação do segundo vice-diretor do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva, a retomada do setor vai muito além da questão política. “Temos que mudar a nossa mentalidade industrial, que nunca vai voltar a ser o que era antes. Precisamos qualificar as pessoas e pensar no que está por vir. Desenvolver novas tecnologias que sobrevivam às crises.”

REFORMA TRABALHISTA - Na opinião de ambos os especialistas, a reforma trabalhista não irá gerar grande onda de contratações, como estima o governo, pelo menos não no curto prazo. “Não se contrata quando a demanda está reprimida”, apontou Silva. E enquanto o desemprego estiver sendo uma realidade o consumo é fortemente inibido. “Independentemente da flexibilização para admissões, não há razões que motivam contratar pessoal neste momento”, complementou Maskio.

De acordo com o estudo, a indústria paulista fechou 9.500 vagas de trabalho em junho. No semestre, porém, é contabilizado saldo positivo de 10 mil postos.




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