O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), contestou ontem as declarações do superintendente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Ângelo Pavin, e jogou a ‘culpa' pela indicação do diretor de Gestão Roberto Tokuzumi - denunciante do suposto esquema de venda de licenças ambientais - ao próprio subordinado, responsável por assinar as nomeações dos comissionados. "O Semasa é uma autarquia, tem liberdade de execução. Responde por seus atos administrativos. Tem comando e independência próprios."

O prefeito afirma que não procede a informação de que seu nome está, agora, envolvido nos desdobramentos das supostas vendas de licenças, investigadas pelo Ministério Público, Polícia Civil e CPI. Pavin disse que a indicação de Tokuzumi havia saído do gabinete de Aidan. Citou como responsável ou o prefeito, o Nilson Bonome ou Jarbas Zuri (peemedebistas que já deixaram o Paço).

Aidan avalia que, se houve conversa "no gabinete", como o superintendente apontou anteontem à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), deve ter tido "algum tipo de acordo ou próximo disso". "Às vezes indica pessoa e tem surpresa para o lado bom ou ruim. Até agora não foi provado (o eventual sistema de extorsão). Não dá para fazer avaliação sem tranquilidade", disse ele, ao salientar que Tokuzumi "sempre realizou trabalho sério e bom". Já Pavin o classificou como "safado mentiroso e sem vergonha", além de tê-lo acusado de receber presentes de empresários.

O CASO

Segundo denúncia enviada ao MP, que culminou em inquérito criminal, o superintendente adjunto, Dovilio Ferrari Filho, e o advogado Calixto Antônio Júnior, que não é funcionário da autarquia, barravam pedidos de licenças e procuravam as empresas interessadas para cobrar ‘taxa' para dar andamento ao documento, que posteriormente era enviado para assinatura final de Pavin. Após sofrer coação para participar do possível crime de propina, Tokuzumi disse que resolveu delatar o caso.

O chefe do Executivo assegura que não conhece, não tem e não teve qualquer relação pessoal com o ex-diretor, exonerado após fazer a denúncia. "À polícia, ao MP e à Câmara, os principais atores desse processo de investigação, estão sendo dadas todas as condições para averiguação transparente e isenta dos fatos. Como prefeito, administro Santo André, cujos interesses e urgências permanecem acima de qualquer outro projeto, pessoal ou político."