Um estudante de 19 anos, filho de um empresário de Alphaville, foi resgatado do cativeiro por policiais do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) nesta quarta-feira, na Zona Norte da Capital. O rapaz estava em cárcere havia 58 dias, após ser seqüestrado em Santana do Parnaíba, Grande São Paulo. Quatro seqüestradores estão presos.

A polícia investigava o seqüestro e tinha informações de que a vítima corria risco de morte. Ele já havia passado por três cativeiros e, no próximo domingo, seria transferido para outro imóvel.

Duas quadrilhas de assaltantes e seqüestradores, uma da Zona Norte e outra da Zona Sul, repartiriam o dinheiro do resgate. A primeira quadrilha negociou em separado e recebeu a quantia negociada. Sem fazer o repasse para segunda, comprou imóveis e carros zero quilômetro.

Diante do risco de morte, os investigadores estouraram o cativeiro, localizado em City Jaraguá, na Zona Oeste, e encontraram o estudante, treze quilos mais magro, trancado em um quarto escuro. Carcereiro do cativeiro, o manobrista Márcio Rosa de Souza, 35 anos, estava armado com um revólver calibre 38 e tentou fugir, mas foi preso no local.

O chefe da quadrilha da Zona Norte é Diomar Amaro Rosa Filho, de 24 anos, preso na mesma rua do cativeiro. Diomar era um dos negociadores do resgate e contratou Souza para tomar conta do seqüestrado, oferecendo R$ 10 mil pelo serviço.

Diomar, com parte do dinheiro do resgate, comprou um imóvel na Zona Norte e um Fiat Stilo, zero quilômetro, por R$ 61 mil. O carro ainda não foi entregue pela concessionária.

Raquel Evangelista Elias, 18 anos, e Renata Evangelista Elias, mulher de Diomar, também foram presas. Elas levavam recados e atendiam telefones para a quadrilha.

 
Outros envolvidos no seqüestro já estão identificados. Dois deles, integrantes da quadrilha da Zona Sul, são José Pedro da Silva Figueiredo e Ulisses José Bezerra, conhecido como ‘Alemão’. 

A vítima disse que seu carro foi fechado em uma estrada de Santana do Parnaíba, dia 18 de setembro. Ele tentou dar marcha-a-ré, mas outro veículo impediu a manobra. O estudante foi então levado para o primeiro cativeiro.

Ainda de acordo com a vítima, o primeiro cativeiro fica próximo a uma rodovia. Com medo de se alimentar com a comida levada pelos seqüestradores, comia apenas frutas. Quanto às roupas, usava calça e camisa emprestadas enquanto as suas eram lavadas. Com o cabelo comprido e a barba crescida, o rapaz passa bem. Ele foi conduzido ao Denarc para ser ouvido em depoimento.