O preço do etanol na região segue em alta. A equipe do Diário pesquisou o custo do renovável em 63 postos da região. A maioria desses locais cobra R$ 1,89 pelo litro de álcool. Com a gasolina custando R$ 2,59, em média, o etanol deixa de ser vantagem para o motorista em toda a região. Isso porque o derivado de petróleo rende mais no carro do que o combustível feito de cana-de-açúcar.

Para saber qual dos dois será menos custoso para o orçamento, o motorista tem que fazer as contas. Para isso, basta dividir o valor do etanol - R$ 1,89, por exemplo - pelo da gasolina - R$ 2,59 - e o valor for superior a 0,70, é mais barato abastecer com gasolina. Com os valores atuais do Grande ABC, esse resultado é de 0,73.

O valor médio do álcool na região está R$ 0,15 mais caro do que há um mês. São Caetano apresentou os preços mais elevados para o etanol, saindo das bombas, na maioria, por R$ 1,99. Na sequência, boa parte dos postos de São Bernardo cobra R$ 1,89, mesma realidade de Santo André e Mauá.

Diadema continua com o posto de renovável mais atrativo entre as cidades. Porém, as proporções também subiram: postos estampam valores não menores do que R$ 1,74 pelo etanol diademense. Há um mês, a cidade vendia o litro a R$ 1,69. Comparando com o preço da maior parte dos postos da cidade, de R$ 1,79, o valor subiu 6%.

HISTÓRICO - Os postos de combustível, distribuidoras e usineiros fazem jogo de empurra sobre quem são os responsáveis sobre aumentos de preços ao consumidor final.

Há 15 dias, o valor cobrado pelo combustível pela indústria bateu o maior patamar em nove anos, a R$ 1,2468 - neste montante não estão incluídos impostos e frete. As distribuidoras corrigem os valores, que por sua vez são remarcados pelos postos e, no fim das contas, os números chegam inflados ao motorista. Encarecimento que ocorre no ápice de oferta da atual safra de cana. Usineiros justificam que a baixa produtividade do plantio da matéria-prima e falta de investimentos no setor justificam etanol com valor mais salgado nas bombas.

Até o dia 3, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP, apontou que houve quebra na tendência de aumento dos preços entre usineiros. O valor caiu cerca de R$ 0,02 para R$ 1,2236, em relação ao preço praticado há duas semanas. Mas ainda não houve alívio no bolso do consumidor.

Especialista diz que política energética evitará falta de cana

A decisão do governo de reduzir a mistura de anidro na gasolina de 25% para 20% foi mal vista por especialistas, mesmo que a ideia seja evitar desabastecimento. O gestor de riscos da Archer Consulting, que administra perigos em commodities agrícolas, Arnaldo Corrêa, defende a existência planejamento agrícola e energético para contornar o entrave.

A ação é vista por Corrêa como mecanismo do governo de usar o valor do etanol como política fiscal. Isso porque, diz ele, na verdade o mercado de álcool está ligado a outras variáveis, como o preço de açúcar, também fruto da cana. "Enquanto o açúcar tem o preço determinado pelo livre mercado internacional, os preços do etanol limitam-se a 70% da gasolina, que apesar de ter custo livre no mercado internacional, no Brasil tem valor controlado", diz o gestor, que vê necessidade investimentos da ordem de R$ 24 bilhões e moagem adicional de 150 milhões de toneladas para contornar a falta de etanol.

O governo afirma que a redução vai permitir que a atual safra de cana dure até o fim da próxima colheita. A ação partiu após constantes balanços negativos anunciados pela indústria do setor - tanto no volume colhido quanto em vendas do etanol hidratado, usado para abastecimento de veículos.