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Supermercados acirram guerra de preços
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
13/01/2011 | 07:18
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Ricardo Trida/DGABC


A disputa pelo bolso do consumidor ficou mais acirrada entre as grandes redes de supermercado com a estratégia do Walmart de adotar novo modelo comercial importado da matriz norte-americana de reduzir em até 20% o preço de 2.000 itens por tempo indeterminado, terminando com as tradicionais promoções semanais.

Mesmo diante de promoções atrativas, o consumidor tem mais chance de economizar ao pesquisar preços nos estabelecimentos próximos de casa. É o que faz a comerciante Vera Lucia Fernandes de Souza, que aproveita as promoções para ir às compras com os tablóides de diversos supermercados para conseguir desconto no caixa.

Ontem, ela tinha dez panfletos de ofertas, com diversos produtos sinalizados para comparar os preços ou pedir valor menor no fim da compra. "Sempre faço isso. Não sei quantificar o quanto economizo, mas R$ 0,30 a menos por produto faz diferença para mim", salienta.

O presidente do conselho do Provar (Programa de Administração de Varejo), Claudio Felisoni de Angelo, comenta que a estratégia das empresas é capturar a atenção do consumidor para rentabilizar o negócio, visto que as margens de lucro nas seções de alimento, higiene e limpeza são baixas.

"As principais táticas são fixar os preços terminados em 0,99 centavos e leve três e pague dois para dar a sensação ao cliente de estar gastando menos. Redes como Extra, Carrefour e Walmart têm quase o mesmo preço."

Angelo destaca que 65% dos consumidores fidelizam os supermercados que frequentam, mas quando vão as compras gastam 20% a mais que o previsto devido à falta de planejamento.

Para o vice-presidente comercial do Walmart, José Rafael Vasquez, a nova estratégia preza manter os valores de determinados produtos por diversas semanas. "O processo de negociação com fornecedores não foi fácil, mas ganhamos um voto de confiança deles", afirma.

COMPARAÇÃO - A equipe do Diário percorreu ontem três lojas em Santo André para verificar a variação nos preços. O pacote de arroz tipo um com cinco quilos estava mais barato no Carrefour (R$ 7,29), enquanto no Extra custava R$ 7,90 e no Walmart, R$ 8,54. A variação entre o valor mais alto e o mais baixo foi de 14%.

Já o quilo do feijão tipo 1 no Extra foi encontrado por R$ 2,75, no Walmart por R$ 2,98 e no Carrefour, R$ 3,29. Enquanto meio quilo de café moído no Walmart era vendido a R$ 4,98, no Carrefour custava R$ 5,59 e no Extra, R$ 5,79.

Chuva já causa impacto de 30% nas frutas

O consumidor está começando a sentir no bolso os reflexos das fortes intempéries que a região Sudeste está enfrentando nos últimos dias. Isso porque o preço de algumas frutas, legumes e verduras estão subindo devido às dificuldades na colheita, transporte e até mesmo plantação. Somente o preço da caixa de 25 quilos da laranja-pera vendida na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) subiu 33% nos últimos dias, passando de R$ 30 para R$ 40.

Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o engradado com 36 pés de alface crespa vem sofrendo oscilação desde dezembro, quando custava R$ 10,18. Em 3 de janeiro, era vendida por R$ 12,30 e na segunda-feira não era vendida por menos de R$ 12,40. O aumento no produto chega a 21,8% no período entre dezembro e janeiro.

Produtores têm relatado aos comerciantes que o cultivo de legumes como cenoura, batata e berraba foi paralisado, pois existe o risco das sementes apodrecerem devido à alta umidade do solo. Diante deste cenário, o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, acredita que nos próximos três meses a oferta desses itens será menor no mercado, e consequentemente, os preços vão aumentar.

"Produtos como melancia, alface, couve foram reajustados recentemente, tanto na Craisa quanto na Ceagesp", afirma Benedetto. Todos os alimentos perecíveis podem ser prejudicados com o clima atual, e normalmente no verão há encarecimento natural dos hortifrútis.

Para o diretor de comunicação da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Orlando Morando, "as fortes chuvas ainda não impactaram no preço dos perecíveis nos estabelcimentos do Estado de São Paulo".




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