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Diretor brasileiro da OMC desperta fúria de europeus
21/04/2004 | 22:02
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   Uma série de declarações dadas à imprensa pelo vice-diretor da OMC (Organização Mundial do Comércio), o brasileiro Francisco Thompson-Flores, sobre os efeitos do acordo entre o Mercosul e a UE (União Européia), provocou a fúria de Bruxelas. A UE mandou uma carta à entidade máxima do comércio protestando contra os comentários do brasileiro, que foi um dos criadores do Mercosul nos anos 80 e 90. O protesto, assinado pelo embaixador europeu na OMC Carlo Trojan, destacava o fato de Thomspon-Flores ter afirmado que um acordo bilateral com as condicões impostas pela UE poderia legitimar a política agrícola comum européia.

Em suas declarações, o vice-diretor da OMC ainda afirmou o que todos sabiam: se o acordo agrícola entre o Mercosul e a UE for concluído com base em condições que estariam sendo anunciadas por Bruxelas, o G-20 (grupo de países emergentes) será colocado ‘‘em perigo’’, a rodada da OMC será ‘‘esvaziada e paralisada’’ e a diplomacia brasileira estará alterando a posição que mantinha nos últimos dez anos.

Bruxelas alega que quanto mais for obrigada a liberalizar seu setor agrícola pelos acordos da OMC, menos espaço sobrará em seu mercado para os produtos do Mercosul. Para especialistas, a manobra dos europeus no setor de acesso a mercados teria como objetivo enfraquecer a oposição feita pelo Mercosul à política agrícola européia na OMC. ‘‘Muita pressão foi feita sobre o Mercosul nesse sentido’’, reconheceu um diplomata do Mercosul. O negociador-chefe do Brasil na OMC, Clodoaldo Hugueney, garante que o país jamais aceitaria uma proposta condicionada como que vem sendo anunciada pelos europeus. ‘‘A posição do Brasil na OMC não mudará’’, afirmou Hugueney, que classifica os argumentos europeus de ‘‘idiotas’’ e de ‘‘besteirol’’. O brasileiro, porém, teve de ligar para o negociador europeu, Peter Carl, para dizer que o Mercosul não aceitaria nenhuma proposta condicionada à OMC.

‘‘Se Brasil e Argentina aceitarem um acordo de acesso a mercados como esse, vão estar legitimando a política agrícola comum da Europa e esvaziando e paralisando as negociações da OMC’’, afirmou Thompson-Flores. Suas declarações na imprensa brasileira foram rapidamente traduzidas para o inglês e enviadas para a missão européia em Genebra.




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