O UBS, maior banco suíço, fez apelo nesta segunda-feira a dois investidores internacionais para levantar capital, após ter anunciado uma nova desvalorização de ativos de aproximadamente US$ 10 bilhões em razão da crise do crédito imobiliário de alto risco ("subprime").

Depois de uma primeira desvalorização de 4,2 bilhões de francos suíços anunciada em outubro, que se traduz por uma perda líquida de 830 milhões no terceiro trimestre, o UBS deve cair novamente no vermelho.

A instituição prevê para o quarto trimestre prejuízo, em vez de um lucro global, como havia sido antecipado, e considera "agora possível" uma perda líquida para todo o exercício. Apesar dos anúncios, o título do 10º maior banco do mundo registrou forte alta. A ação UBS subia 2,53%, cotada a 58,65 francos suíços às 11h (horário de Brasília), em um mercado em alta de 0,48%.

Segundo um corretor, o fato de o aumento de seu capital já estar subentendido é um bom sinal sobre a saúde a longo prazo do UBS. Apesar das más notícias de uma desvalorização dos ativos extra, o mercado mostrou segurança pela chegada de dois investidores para ajudar a resgatar o capital do UBS.

O grupo suíço adotou na realidade várias medidas para reforçar seu capital em 19,4 bilhões de francos suíços. Cerca de 13 bilhões serão levantados com a chegada destes dois novos investidores. A Agência de investimento do governo de Cingapura ("Government of Singapore Investment Corporation", GIC) contribuirá com 11 bilhões de francos suíços de obrigações conversíveis.

Este investimento corresponde a aproximadamente 9% do capital do UBS, destacou uma porta-voz do GIC. "Decidimos proceder este investimento significativo no UBS porque temos confiança na capacidade de crescimento a longo prazo do banco, particularmente em suas atividades de gestão de fortuna", indicou o diretor-geral do GIC, Tony Tan Keng Yam.

Um segundo investidor "estratégico do Oriente Médio", cujo nome não foi revelado, ficará com a parte dos 2 bilhões. Segundo rumores do mercado, este investidor deve ser de Abu Dhabi. Os dois salvadores podem "a curto prazo" entrar para o conselho de administração do UBS, indicou seu presidente, Marcel Ospel.

O banco suíço reforçou também seu capital, vendendo ações próprias. "A situação no mercado imobiliário e do crédito hipotecário de alto risco nos Estados Unidos não pára de piorar e atualizamos nossas previsões de perda tendo em conta os preços atuais no mercado americano dos títulos hipotecários", afirmou o diretor Marcel Rohner.

O UBS, que possuía no fim do terceiro trimestre US$ 39 bilhões no setor "subprime", reduziu suas posições a US$ 29 bilhões, afirmou Ospel. A crise dos "subprime" deu prejuízos de US$ 80 bilhões aos principais bancos americanos, e também aos bancos europeus, e alguns analistas acham que a crise ainda não acabou.