Economia Titulo
Fábricas se animam
com Dia das Crianças
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
02/10/2011 | 07:22
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As empresas do Grande ABC que fabricam brinquedos enchem os olhos para daqui a dez dias, quando ocorre a melhor data do ano para a indústria do segmento, o Dia das Crianças. Tanto que empresas da região consultadas pela equipe do Diário afirmam que o período reponde por 35% do faturamento anual. Percentual equivalente ao do Natal, que para o varejo é a melhor data.

É o caso da Grow, indústria do segmento instalada em São Bernardo. O diretor de marketing da companhia, Gustavo Arruda, frisa que desde o início do ano o segmento vem colhendo bons resultados nas vendas. "Esperamos crescimento de 10% tanto para o Dia das Crianças quanto para o acumulado do ano."

As novidades são responsáveis por atrair o olhar da molecada e os cofres das empresas, cujos itens correspondem a 40% do faturamento. O executivo garante que a aposta está na linha de bonecas da Mônica patinadora e na de copos de empilhamento para competição como a dupla que irá impulsionar as vendas.

A mauaense Líder Brinquedos prevê incrementar suas cifras em até 15% na comparação com 2010. "A empresa tem como carro-chefe os licenciados, como brinquedos que fazem suar a camisa, a exemplo de bolas e jumpballs", cita o diretor comercial Junior Mozilli, ao acrescentar que a data também corresponde a 35% de sua receita.

Entre as importadoras sediadas na região, a Giroflê, de São Caetano, e a Ludens Spirit, de Santo André, preveem aumentar os ganhos, neste ano, em 10% e 8%, respectivamente. A primeira ressalta que ainda não obteve vendas suficientes para bater a marca prevista. A segunda, afirma que o período representa 4% das vendas anuais porque tem como foco as escolas, com o fornecimento de brinquedos lúdicos e de estratégias.

PREÇOS SALGADOS - O consumidor não vai notar preços reajustados nas vésperas do feriado. Isso porque eles ocorrem após abril, mês em que acontece feira de apresentação dos novos produtos entre as fabricantes. De lá para cá, eles ficaram até 10% maiores, dizem as indústrias. "Isso é sempre necessário por conta das variações de matéria-prima, mas os aumentos não são feitos de forma homogênea em todas as linhas", justifica Arruda, da Grow.

Os impostos também comprometem a renda dos que pensam em presentear os filhos com produtos caros, como os videogames. Um que custe R$ 1.000, por exemplo, conta com 72,8% de carga tributária. Ou seja, sem taxas, pais desembolsariam apenas R$ 278,20.

Pais vão desembolsar R$ 100 em presentes no feriado de outubro

Os pais estão dispostos a gastar neste Dia das Crianças. Pesquisa de Intenção de Compras realizada pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista aponta que a média de gastos para comprar brinquedos na data será de R$ 100.

Esse valor ajuda a explicar o otimismo dos empresários do segmento. Tanto que, de acordo com pesquisa divulgada pela Serasa Experian, 53% dos fabricantes esperam faturar mais na data em comparação ao mesmo período de 2010.

Mesmo assim, o indicador caiu três pontos percentuais em relação à expectativa do ano passado ante 2009. Os principais motivos que explicam a redução da perspectiva de faturamento é a alta da inflação e a valorização do dólar. Dupla vista com desconfiança pelo comerciante do segmento.

A valorização cambial também é entrave para o consumidor, que deseja no período a aquisição de eletroeletrônicos, devendo amargar custos maiores nesses itens. É o que estima o economista e professor da Universidade Guarulhos Antônio Cândido de Azambuja, que espera crescimento de 14% no setor em comparação a 2010. Ele prevê que as vendas pela internet continuarão em expansão.

À VISTA - O consumidor que está disposto a desembolsar R$ 100 nos presentes para os filhos não deve pagá-los com cartões de crédito. Por conta do cenário menos otimista para os financiamentos, o economista prevê que o pagamento à vista, em dinheiro, irá despontar neste ano.

Em seguida, aparece o cartão de plástico, que ainda lidera a preferência dos clientes nas compras parceladas, seguido dos cheques pré-datados. "O desempenho dos varejistas será uma indicação de como o mercado se comportará até o fim do ano", diz. Previsão que deve ser otimista, dada a expectativa dos comerciantes.

Dia 12 é oportunidade para economizar

O dia 12 de outubro será marcado como oportunidade para iniciar uma educação financeira. Especialmente por ser um dos períodos em que mais se gasta no ano, comprometendo o orçamento familiar para o mês.

Reinaldo Domingos, presidente de uma editora especializada em educação financeira, garante que estimular as crianças para o consumo precoce não é o melhor caminho.

Entre as dicas, ele orienta os pais a não desembolsarem tanto no presente a ponto de contraírem dívidas. Parcelas devem ser feitas somente se couberem no bolso.

Analisar custos extras que o presente pode gerar, negociar na hora da compra e sair de casa com valor pré-definido que pretende gastar são saídas para evitar o vermelho nas contas.

Até mesmo a conscientização desde cedo ajuda. "O ideal é já a partir dos 3 anos de idade." Para quem pensa que é muito cedo, ele diz que isso é possível quando o assunto é tratado de forma lúdica. Desviar o foco da criança para a realização do sonho, em vez do consumo, é uma das formas de ajudar no desenvolvimento desse processo.

Procura por eletrônicos sobe 66,56% neste ano, diz pesquisa

O interesse por artigos eletrônicos deve liderar a preferência das crianças no dia 12. Levantamento feito pelo Shopping Jardim Sul, com cerca de 6.000 clientes do programa de relacionamento, mostra que o número irá crescer no comparativo com o feriado do ano passado.

A nova geração visa esses presentes. A procura por celulares, videogames, jogos e similares deve aumentar 66,56% em 2011. Neste ano, 11% dos consumidores apostam que os artigos eletrônicos vão agradar à criançada. Em 2010, o percentual era de 6,6%.

Apesar da perspectiva de crescimento dos eletrônicos, os brinquedos permanecem no topo das opções mais procuradas pelos pais.

Mais de 55% dos entrevistados responderam que vão dar aos filhos os tradicionais carrinhos e bonecas. Em seguida, aparecem os livros, CDs e DVDs com 13,3% da preferência. Esses itens também apresentaram significativo crescimento, já que no ano passado apenas 2,2% dos entrevistados optaram por eles.

A pesquisa mostra também que 71% dos consumidores devem gastar entre R$ 100 e R$ 200 com o presente. Para a maioria, 51%, o pagamento deve ser efetuado à vista. Os outros 49% devem optar pelo pagamento parcelado no cartão de crédito.

O complexo paulista vai apostar nas promoções para buscar clientes. Quem comprar R$ 300 em produtos troca por cupons e concorre a viagem à Flórida, com dois acompanhantes.

Empresários dizem que dólar alto não eleva custo de importados

Os preços dos brinquedos importados, encontrados tanto no comércio popular quanto nos shoppings, não sofrerão reajustes devido à alta da moeda norte-americana. O diretor da Semaan - atacadista e varejista -, Marcelo Mouawad, disse que os produtos foram comprados entre abril e maio, com dólar mais barato. "Os valores estarão iguais ou menores quando comparados com o ano passado. Só a partir de março que os consumidores vão notar reajustes", garante o executivo.

O mesmo argumento é usado pelo franqueado de quatro lojas da PBKids no Grande ABC, Dino Colonnelli. "Como as encomendas com os fornecedores do Exterior foram realizadas com antecedência, os preços não vão aumentar." Ele só não sabe precisar ainda como ficará a situação para o período natalino, época em que as vendas de brinquedos no comércio chegam a superar o Dia das Crianças. (Alexandre Melo)




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