Preso em Brasília pelo assassinato do ecologista Chico Mendes, o fazendeiro Darci Alves será levado a novo julgamento nas próximas semanas, desta vez pela morte dos bolivianos Victor Benito Laura e Fernando Rojas Oblitas. Filho de Darly Alves, mandante do assassinato do ecologista, Darci é acusado de ter participado das execuçoes entre os dias 5 e 9 de outubro de 1988 em Xapuri (164 quilômetros de Rio Branco).

Na sexta-feira, outro filho de Darly, Olocy Alves da Silva, foi condenado pelo juiz Elcio Sabbo Mendes a oito anos e seis meses de prisao por participar do assassinato dos bolivianos. O advogado de Olocyr, Heitor Macedo, disse que recorrerá da sentença mantendo a alegaçao de que nao há provas materiais contra seu cliente. O MP considerou tao fortes as provas que dispensou todas as cinco testemunhas de acusaçao.

Segundo o Ministério Público, Benito e Rojas foram roubados e mortos, cada um com um tiro na cabeça. A mesma testemunha do caso Chico Mendes, Genésio Ferreira da Silva, disse que viu uma substância parecida com cocaína na casa de Darly Alves, preso na Papuda com Darci. A droga teria sido roubada dos bolivianos, que entraram na fazenda de Darci para pedir um pouco de água.

Os corpos foram encontrados em decomposiçao no dia 9 de outubro a 200 metros da Fazenda Paraná, de propriedade de Darly. O próprio Darly foi à polícia avisar que tinha visto os cadáveres.

Como Darci nao foi pronunciado a tempo, a Justiça dividiu o processo em dois. Darci será ouvido através de carta precatória. Se for condenado, perderá a progressao de pena que tinha obtido no final do ano passado e voltará a ser recolhido em regime fechado.

Darly, hoje com 62 anos, também perdeu o direito de apenas dormir no presídio porque ganhou nova condenaçao pelo assassinato de um corretor de imóveis em Umuarama (PR).