Diante da eventual aliança do PSDB de Santo André com o prefeito Aidan Ravin (PTB) na eleição de outubro, pré-candidatos do tucanato local ameaçam desistir da disputa eleitoral e esvaziar o partido. Favoráveis à candidatura própria - o vereador Paulinho Serra seria cabeça da chapa -, pelo menos 20 inscritos para entrar no páreo por uma vaga no Legislativo convergem na opinião de pressionar o diretório municipal para não fazer qualquer acordo com o governo.

Sem lançar voo solo na cidade, pré-candidatos analisam que dificultaria alcançar cadeira na Câmara. Na concepção de filiados, demonstrada anteontem na briga interna, a situação, inclusive, abre precedente para diminuir a bancada atual na Casa, hoje composta por três parlamentares. Assim como em todos os pleitos após sua fundação, no processo eleitoral de 2008 o PSDB teve representante na corrida majoritária ao apresentar o ex-prefeito Newton Brandão (que morreu em 2010).

O vereador Marcelo Chehade (PSDB) seria o primeiro a puxar a fila dos insatisfeitos. Dizendo-se traído, o tucano avalia que o PSDB ficará esvaziado caso a executiva não acompanhe a vontade dos militantes. "Estou ouvindo muita gente afirmar que vai abandonar a pré-candidatura (se houver a união com o PTB). Eu abono a ideia. Também me coloco nessa condição e existe grande chance de isso ocorrer."

O parlamentar sustenta que "ficou horrível" a situação no PSDB por conta da mudança de postura da direção. Segundo ele, ficou acertado que, se tivesse de haver uma conversa por composição, toda a executiva e vereadores seriam avisados com antecedência. "Quando o Ricardo Torres foi eleito presidente do diretório (por consenso, em abril de 2011), o acordo era de candidatura própria. Além disso, ele fez a reunião com o prefeito (recentemente) sem nos comunicar. É uma quebra de confiança. E não é a primeira vez."

Torres afirma que confia na sensibilidade dos pré-candidatos por acreditar que o desejo de ser candidato a vereador estaria firmado independentemente das circunstâncias. "Quem disse que terá debandada com a deliberação do partido está se insurgindo da decisão partidária", disparou o dirigente. "Acho que deveria até se desfiliar, mas avalio que não vai acontecer isso", sugeriu ele, considerando que está sendo criticado por buscar o diálogo. "Estou com a minha consciência tranquila."

Paulinho Serra não quis comentar o assunto.