Economia Titulo Crédito
Financiamentos de
veículos caem 17,5%

Recorde na inadimplência e superendividamento explicam
a redução de concessões de crédito, afirma especialista

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/03/2012 | 07:16
Compartilhar notícia


As montadoras não param de renovar seus leques de veículos. Carros para a terra customizados para o asfalto. Antigos que ganham desenhos modernos. Básicos mais completos do que carros de luxo. Mas a demanda do brasileiro pelo sonho de consumo desaqueceu. As concessões de crédito para a aquisição de veículos em fevereiro caíram 17,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Esses financiamentos somaram R$ 6,87 bilhões no mês passado. Em fevereiro de 2011, o valor total era de R$ 8,33 bilhões.

O resultado vai contra a variação média de concessões às pessoas físicas. Segundo o Banco Central, os consumidores emprestaram 7,6% a mais do que o segundo mês de 2011, somando R$ 73,1 bilhões.

Para o diretor presidente do Instituto de Pesquisa Fractal e economista da FIA, Celso Grisi, a queda no volume concedido ocorreu por uma somatória de fatores.

"A inadimplência das famílias é crescente, portanto os bancos estão tirando o pé do acelerador e ofertando menos financiamentos. Por outro lado, quem mantém o ritmo são as financeiras, que cobram mais caro, e as montadores (por meio dos seus bancos), que acompanham a produção", explicou Grisi.

Em fevereiro, a inadimplêcia dos consumidores nas operações de crédito para aquisição de veículos foi recorde, com 5,52%. A informação é do BC, que iniciou a apuração do indicador em junho de 2000.

Grisi disse que a demanda por carros também caiu. Este é um reflexo da alta do endividamento das famílias, cuja média está em 42,6% da soma dos rendimentos de 12 meses encerrados em janeiro. "E quem tem dívida está muito endividado", destacou.

Os valores são de operações realizadas com recursos livres. Isso significa que o dinheiro não está vinculado com programas governamentais e as taxas de juros são definidas pelas instituições financeiras.

TOTAL - O impulso para o aumento das concessões de crédito em fevereiro, que somaram R$ 73,1 bilhões, foi proveniente, principalmente, do cheque especial e do cartão de crédito.

O especial representou 34% do total concedido no mês passado, acumulando R$ 25,4 bilhões, alta de 12,1% em 12 meses. Já o plástico garantiu R$ 20,6 bilhões emprestados aos consumidores. O valor é 11,6% superior ao registro de fevereiro de 2011.

O crédito pessoal somou R$ 14,3 bilhões, alta na comparação anual de 1,7%. E os financiamentos imobiliários, com recursos livres, subiram 57,6%, com R$ 936 milhões.

 

Calote cresce pela 14ª vez seguida

A inadimplência das pessoas físicas nas operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional subiu pelo 14º mês consecutivo em fevereiro, informou o Banco Central.

Conforme dados da autoridade monetária, a inadimplência atingiu no mês passado 7,59%. Em janeiro, o resultado foi de 7,57%. E no segundo mês de 2011, eram 5,84%.

No cheque especial, a inadimplência atingiu 10,5% em fevereiro. O resultado representou queda contra janeiro, 10,8%, mas sobre igual período de 2011 houve acréscimo, tendo em vista que naquele mês era 8,4%.

O especial é uma das operações de crédito mais caras do Sistema Financeiro Nacional. Levantamento mensal realizado pela Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabilidade mostrou que o custo deste empréstimo automático, que é aprovado assim que o correntista entra no vermelho da conta, estava em 8,33% ao mês.

Apenas o cartão de crédito, que o BC não libera informações sobre a inadimplência, tinha juros mais altos do que o especial no mês passado, com 10,69% ao mês.

PESSOAL - No crédito pessoal, os vencimentos de parcelas por mais de 90 dias atingiram 5,6%, contra 4,3% registrados em fevereiro do ano passado.

 

Custo dos empréstimos sobe 0,3 pontos

Os juros subiram em fevereiro, apesar da redução da taxa básica de juros, a Selic. A taxa média ficou em 45,4% ao ano. Em janeiro, o percentual era de 45,1%. E no segundo mês de 2011 era de 43,8%. O crédito consignado, destaque entre as linhas mais baratas que os bancos oferecem, apresentou juros de 27,5% ao ano, queda de 0,7 ponto percentual sobre fevereiro de 2011.

Esta modalidade é mais em conta porque as instituições financeiras têm garantia maior de que os clientes vão pagar as parcelas do empréstimos. Isso ocorre porque elas são descontadas direto na folha de pagamento. Como isso reduz o risco para as instituições, um dos principais fatores para a precificação do crédito, os juros são menores.

Nos 13 maiores bancos que trabalham com o tipo de operação, o volume concedido em fevereiro do ano passado era de R$ 5,5 bilhões. No mesmo mês deste ano, o Banco Central informou que foi de R$ 6,6 bilhões, alta de 20,3%.

O total que está emprestado e ainda não foi liquidado pelos contratantes, por meio do consignado, estava em R$ 163 7 bilhões em fevereiro, expansão na comparação anual de 16,4%.

Os contratos firmados no mês passado para financaimentos de veículos apresentaram taxa de juros média de 27% ao ano, próxima à dos consigandos pela garantia dos veículos. E o crédito pessoal custava 50,6%.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;