Para Leandra, então... Embora seja sobre oito artistas do transformismo - Rogéria, Valéria, Jane di Castro, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios -, Divinas Divas é sobre ela, Leandra Leal. Sua história pessoal está muito ligada à do Teatro Rival, na Cinelândia, no Rio. Fundado por seu avô, Américo Leal, aquele foi o território de seu pai, de sua mãe. "Aquela cortina vermelha que eu mostro, aquele acesso para o palco, tudo aquilo faz parte das minhas lembranças mais perenes. Criança, eu já vivia naquele mundo das divas. Foi ali, no Rival, de forma muito tenra, que descobri minha vocação de atriz." Ser atriz deu-lhe uma compreensão mais funda do outro, do diferente. "Você aprende a ver o mundo e as pessoas em 360 graus, não uma fatia." Atriz aclamada, premiada - de cinema, teatro e televisão -, Leandra começou a produzir. Queria também dirigir, mas o quê? Quando viu, no Rival, o show Divinas Divas, descobriu seu tema - elas!
É curioso, mas Leandra fala de suas personagens no feminino. Rogéria fala de si mesma no masculino - o travesti. É que, no fundo, ela sabe que Rogéria é uma personagem de Astolfo Barroso Pinto, e nunca desistiu de ser "ele". É a grande sacada de Divinas Divas. De cara, o filme possui uma das aberturas - a sequência inicial de créditos - mais belas do cinema brasileiro. Nelson Gonçalves canta Escultura. "Cansado de tanto amar/ Eu quis um dia criar/ Na minha imaginação/ Um mulher diferente,/ De olhar e voz envolvente,/ Que atingisse a perfeição." E aparecem as imagens dos homens que vão virando essas mulheres. Todo o filme está aí condensado, com raro brilho e inventividade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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