A quadrilha que seqüestrou o publicitário Washington Olivetto pode ter ligação com a que manteve o empresário Abílio Diniz, dono do Pão de Açúcar, em cativeiro, em 1989. De acordo com a policia, as duas quadrilhas usaram táticas semelhantes e vieram ao Brasil somente para realizar o seqüestro. Diniz foi seqüestro por cinco chilenos, dois canadenses, dois argentinos e um brasileiro. No caso de Olivetto — libertado na noite deste sábado —, foram presos, até o momento, seis chilenos (quatro homens e duas mulheres) que entraram no Brasil com passaportes argentinos falsificados.

”Eles (seqüestradores de Olivetto) usaram uma técnica muito parecida com a que foi utilizada no seqüestro de Abílio Diniz e vieram ao Brasil só para realizar o seqüestro”, afirmou neste domingo o delegado Giudice. Ele não descartou a possibilidade de brasileiros estarem envolvidos no crime e disse que a quadrilha deve contar com pelo menos dez pessoas.

A polícia apurou que os seqüestradores de Diniz eram militantes de esquerda, com experiência na luta armada. Eles afirmaram que o dinheiro do resgate seria destinado à guerrilha colombiana. A quadrilha envolvida no seqüestro de Olivetto é investigada por atuação na militância de esquerda e seu líder seria um dos homens mais procurados no Chile e condenado à prisão perpétua.

A identidade dos presos será mantida em sigilo até esta segunda-feira, quando eles serão apresentados à imprensa. Devem conceder entrevista coletiva o secretário Saulo de Castro Abreu Filho, o diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado, Godofredo Bittencourt, e o titular da Delegacia Especializada Anti-Seqüestro, Wagner Giudice, que darão informações sobre a prisão dos seqüestradores.

O governador Geraldo Alckmin afirmou, em entrevista coletiva neste domingo, que a prioridade da polícia no momento é prender os demais integrantes da quadrilha. Segundo ele, o fim do seqüestro de Olivetto prova que a polícia encontrou o caminho para combater o crime organizado de forma efetiva.

Prisão - Olivetto foi encontrado após a prisão, na noite de sexta-feira, de quatro homens e duas mulheres chilenos, com passaportes argentinos falsificados, em uma chácara de alto padrão em Serra Negra, a 150 quilômetros de São Paulo. Eles confessaram participação no seqüestro.

Os seqüestradores que cuidavam do cativeiro fugiram antes de a policia chegar, porque provavelmente foram avisados que estavam perto de ser descobertos, com a prisão de parte da quadrilha. O grupo continua foragido.

Os estrangeiros foram presos depois que o dono do imóvel alugado desconfiou do pagamento, efetuado em dólares.

Revista - Em uma nova revista realizada pela polícia na chácara de Serra Negra, foram encontrados três lap-tops, dinheiro proveniente da Argentina e Chile, além de um cartão da mesma empresa de aluguel de helicóptero envolvida no caso do resgate de presos da penitenciária de Guarulhos, no mês passado.