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Revendedoras de automóveis podem estar envolvidas com tráfico
Do Diário do Grande ABC
21/07/1999 | 16:56
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A Polícia Federal está investigando a denúncia de que revendedores de veículos usados, de Sao Paulo, estariam financiando a distribuiçao de crack e lavando dinheiro de narcotraficantes no Estado. A acusaçao foi feita pelo traficante Orlando Marques dos Santos em depoimento reservado à CPI do Narcotráfico, em junho, em Brasília. Na ocasiao, Santos, que ajudava a distribuir a droga, listou os nomes de alguns revendedores envolvidos com o tráfico. Os deputados da CPI preferiram nao revelar os nomes para nao atrapalhar as investigaçoes. A lista foi entregue diretamente à PF que há muito tempo vinha investigando as açoes de Santos, preso há dois meses em Fortaleza.

O traficante contou aos deputados que algumas agências de veículos sao apenas fachada para lavagem de dinheiro. Para legalizar o dinheiro que arrecadam com a distribuiçao da droga, os supostos empresários inventam vendas fictícias de veículos. O negócio nao passaria de trocas de automóveis entre pessoas já conhecidas, o que cria um suposto mercado aquecido, afirmou. Santos explicou aos parlamentares que os proprietários de revendedoras, em várias ocasioes, financiaram grandes compras de crack. Quando ficam descapitalizados, os traficantes recorrem a "empréstimos" de donos de agências e pagam posteriormente com juros.

Algumas das grandes compras de crack, disse, foram feitas diretamente com a entrega de veículos de agências aos fornecedores de drogas, que em muitas ocasioes aceitam carros no negócio. Membros da CPI do Narcotráfico pediram que a sessao fosse reservada - que nao é gravada e nao tem a participaçao da imprensa - após o traficante, em seu depoimento público, se negar a revelar os detalhes sobre o narcotráfico em Sao Paulo.

Conhecido como "velho Orlando do crack", o paraibano Orlando Marques dos Santos estaria despejando 300 quilos de crack em Sao Paulo todo mês, antes de ser preso. Na sessao pública, ele insistiu que vendia até 40 veículos por mês, em "feiras de automóveis" da capital. Os parlamentares acharam estranho e, depois de muitas perguntas, Santos admitiu que os vendedores na verdade comercializam, no máximo, entre cinco a dez carros por mês. Ao dizer que vendia até 40 carros por mês, o traficante, na avaliaçao dos parlamentares, tentou justificar o grande patrimônio que levantou nos últimos anos com a droga, que inclui uma fazenda com 870 cabeças de gado no Tocantins.

Ele também deu detalhes sobre o suposto esquema de pagamento de propinas a policiais do Departamento de Narcóticos (Denarc), em Sao Paulo, para, segundo disse, fazerem "vista grossa" para o tráfico de drogas. Santos está indiciado em vários tipos de crimes. O traficante está preso na Casa de Custódia e Tratamento Doutor Arnando Ferreira, em Taubaté (SP). Ele prestou depoimento em Brasília sob escolta da Polícia Federal.




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