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Dois PMs e dois vigias morrem baleados por bandidos no RJ
02/05/2004 | 21:00
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Um ataque de traficantes ocorrido na noite de sábado na avenida Brasil, na altura do bairro de Bonsucesso, zona Norte do Rio, deixou dois policiais militares e dois vigilantes da Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz) mortos. Um terceiro PM está internado em estado grave.

A ação foi por volta das 21h. Os policiais e os seguranças estavam de plantão no Instituto Nacional de Biologia, que funciona no câmpus da Fiocruz. Os bandidos, que seriam de uma favela próxima, a Vila dos Pinheiros, se dividiram em dois grupos: um pulou o muro que separa o instituto da favela Conjunto Esperança e atirou contra a guarita, onde estavam os vigias; outro passou de carro pela Avenida Brasil e baleou os policiais. Na fuga, eles ainda dispararam contra o batalhão da PM da Maré, mas ninguém ficou ferido.

Os policiais que estavam de plantão no Instituto Nacional de Biologia ainda tentaram reagir, mas não conseguiram escapar da emboscada. Os criminosos mataram, na hora, os PMs Rogério Azevedo e Luiz Felipe Gomes Vieira, ambos de 24 anos, e os seguranças Mario Batista de Sá, 42, e Aldemir Diniz da Silva, de 31. Os corpos dos quatro foram enterrados ontem à tarde. O soldado Paulo Roberto dos Santos ficou gravemente ferido e foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, onde foi operado. Seu estado de saúde é considerado delicado.

Marcas – Neste domingo de manhã, ainda havia muitas marcas de sangue e cápsulas deflagradas de fuzil no chão. Os tiros, vindos de várias direções, furaram o portão de ferro do instituto. Um supervisor da empresa de vigilância, a Confederal Rio, esteve no local e acompanhou a perícia feita pelas polícias Civil e Federal (a Fiocruz é unidade federal). O homem, que não quis se identificar, disse que o serviço é prestado à fundação há dois anos e meio e que nunca havia ocorrido incidentes antes. Os seguranças trabalham armados com revólveres calibre 38.

Os três policiais atacados são do BPVE (Batalhão de Policiamento de Vias Especiais), a quem cabe o patrulhamento da avenida Brasil. Procurado neste domingo, o comandante do batalhão, coronel Rogério Lira, não quis comentar o caso. Ele limitou-se a dizer que “as duas polícias, civil e militar, estão apurando o que aconteceu”.

Vizinho às favelas Vila dos Pinheiros, Vila do João, Conjunto Esperança e Baixa do Sapateiro, o Instituto Nacional de Biologia funciona num terreno da Fiocruz que fica na pista sentido zona Oeste da avenida – a sede fica do outro lado da via, na pista sentido centro.

Segundo o coronel Álvaro Rodrigues, comandante do batalhão da Maré, responsável pelo patrulhamento na região, um carro da PM fica de plantão diariamente junto à guarita.

O policiamento foi reforçado no instituto. Revoltado, um PM lamentou a morte dos colegas. “Foi uma covardia. Os traficantes atiraram de todos os lados, não deram tempo para ninguém reagir. O pior é que isso vai continuar acontecendo. Nós ficamos parados e somos alvo fácil. Ficamos fora do carro para tentarmos reagir. Dentro do carro morreríamos dormindo”, disse. “Cadê a pressão máxima contra os traficantes? É tudo uma palhaçada.”

Ameaças – Não é de hoje que a maior instituição de pesquisa da América Latina sofre com a ação de traficantes. Em 2002, a Fiocruz foi coagida por bandidos a construir um muro de mais de três metros de altura para fechar um acesso entre um de seus prédios e o complexo de favelas da Maré. Os criminosos alegavam que o acesso era usado pela polícia para fazer operações nas favelas. Para intimidar a direção, eles ameaçaram funcionários.




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