As bolsas de Londres e Buenos Aires assinaram um acordo ambicioso que poderá levar, no futuro, à negociaçao cruzada de açoes nas duas instituiçoes, segundo informa o jornal Financial Times. A bolsa londrina está também disposta a ajudar na criaçao de um mercado de açoes de empresas argentinas de alta tecnologia. Esse mercado é considerado um fator fundamental nos planos de revitalizaçao da Bolsa de Buenos Aires.

"O acordo, inicialmente envolvendo a troca de informaçoes e experiência, é o primeiro do tipo que a Bolsa de Londres fecha na América Latina. As autoridades de Londres estariam também negociando um acordo similar com a bolsa de Sao Paulo", diz o Financial Times.

Isto aconteceu num momento que o mercado financeiro londrino, a City, está procurando intensificar seus negócios com a Argentina. Assim, espera atrair boa parte do mercado argentino da esfera de influência de instituiçoes financeiras norte-americanas.

A bolsa de Buenos Aires vem sofrendo uma série de contratempos. O mercado perdeu alguns de seus estoques mais expressivos e de maior liquidez, como a companhia energética YPF que foi comprada pela Repsol da Espanha no ano passado por US$ 15 bilhoes.

O volume de negócios declinaram, e as empresas argentinas de alta tecnologia como o portal de Internet El Sitio e o provedor de sistemas de comunicaçoes Impsat migraram para os fundos do Nasdaq, ignorando o mercado local. Entretanto, no mês passado, autoridades argentinas aprovaram os planos de criaçao de um mercado acionário para o setor de alta tecnologia, apelidado de 'Nasdaquito'.

"A experiência e o vigor em consultoria da Bolsa de Londres poderá ser útil na criaçao de um mercado de alta tecnologia", disse ao FT Hernan Giannasi, gerente de desenvolvimento de negócios globais da bolsa londrina. "Esse é um dos fatores que justificam o acordo. Esperamos também que as empresas argentinas que querem captar mais dinheiro ou diversificar sua base de acionistas venham para Londres." Segundo ele, objetivo nao é o de tirar liquidez do mercado argentino, mas sim criar uma complementaçao entre os dois mercados.

O porta-voz da Bolsa de Valores de Londres, Jeremy Hughes, nao quis comentar hoje a notícia publicada pelo jornal Financial Times que afirma que o pregao britânico estaria negociando um acordo de cooperaçao com a Bolsa de Valores de Sao Paulo nos mesmos termos do anunciado ontem com a de Buenos Aires. "Temos um política de nao confirmarmos negociaçoes em curso, nem mesmo se elas existem", disse Hughes.