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Governo quer saúde e previdência juntos
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
23/02/2011 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Unir assistência médica e previdência privada em um único plano na intenção de criar reserva de dinheiro para ser utilizada após os 60 anos é a proposta da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e entidades dos setores de saúde e seguros. É nessa faixa etária que os gastos com esses serviços aumentam e a renda é menor, em função da aposentadoria.

O envelhecimento da população preocupa o setor de saúde suplementar, pois à medida em que o número de segurados na terceira idade avança, os clientes entre 20 e 58 anos têm suas faturas encarecidas.

"Os jovens pagam seis vezes menos pelo plano em relação aos idosos. Não há como aumentar muito o valor do serviço, pois não tem gente suficiente nessa faixa etária para diluir esse reajuste. Logo, os jovens estão pagando mais caro pelos seus convênios", explica o diretor executivo da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), José Cechin.

Esse projeto é debatido no setor há pelo menos cinco anos. A expectativa é que sua aprovação aconteça a curto ou médio prazo. O produto será oferecido por meio de parceria entre operadoras de planos de saúde e instituições financeiras que vendam planos como VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), que permite acumular recursos pelo prazo contratado pelo segurado.

FUNCIONAMENTO - Cechin detalha que só poderá contratar a previdência saúde quem tiver um plano de assistência médica, ou seja, as empresas não poderão comercializar apenas a previdência privada. "Uma fatia da mensalidade será direcionada para um fundo, permitindo que o consumidor utilize os recursos quando for necessário."

O gasto médio do beneficiário com mais de 59 anos é o dobro daquele com idade entre 54 e 58 anos. Se o aposentado receber R$ 1.500 mensais e seu plano de saúde custar R$ 1.000, ele poderá utilizar R$ 500 por mês do fundo de previdência para auxiliá-lo no pagamento da assistência médica.

Assim como na previdência privada e no plano de saúde, o consumidor não ficará impedido de solicitar a portabilidade do serviço para outra empresa. O dinheiro será retirado do fundo quando o segurado precisar, e, em caso de morte do segurado, o montante acumulado constará no inventário.

"Nos interessa que esse projeto seja aprovado o quanto antes, mas ainda não é possível fixar uma data. Será a união de dois produtos importantes que já existem no mercado", acrescenta.

MODELO - Segundo a ANS e as entidades setoriais, o modelo do serviço é semelhante ao HSA (Health Savings Accounts ou Conta de Poupança para a Saúde, em tradução livre), produto vendido nos Estados Unidos desde 2003. Naquele país, o beneficiário deposita mensalmente o valor para utilizá-lo na cobertura de casos de alto risco.

O diretor executivo da FenaSaúde ressalta que o custo de uma internação de 15 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pode se equiparar ao preço de um apartamento. "Custear o plano antecipadamente será muito interessante para a população brasileira."

 

Idosos serão 30% da população brasileira daqui a 40 anos

O número de pessoas com mais de 60 anos no País, que representa atualmente 10% dos 190 milhões de habitantes, deverá ser 30% da população até meados de 2050. Segundo o diretor executivo da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), José Cechin, apenas 5,5 milhões deles têm acesso a plano de saúde.

No País, aproximadamente 44,8 milhões de pessoas pagam por assistência médica privada. O executivo pontua que os gastos com saúde variam muito conforme a faixa etária. "Os valores são muito altos até nos primeiros meses de vida, caem até por volta dos 15 anos, e depois voltam a subir lentamente. O desembolso cresce rápido após os 45 anos."

Por isso a criação do plano de previdência saúde será importante para criar uma poupança, que ficará disponível no período da vida em que temos menos renda disponível, a terceira idade. No Grande ABC, os gastos com saúde abocanham mais da metade dos rendimentos dos 257.111 aposentados.




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