Sem dúvidas, o novo Cerato não passará despercebido - ou pelo menos não deveria passar, principalmente para aqueles que estão interessados em ter um sedã médio. Vale a pena dar uma olhada no mais novo lançamento da Kia para o mercado brasileiro. O carro reúne design, bom acabamento, tecnologia e um preço competitivo.

Muitos podem considerá-lo um ‘genérico' - mistura de Honda Civic (a frente parecida), com Toyota Corolla (a traseira alta) e Ford Focus (lateral fluida de linhas simples). Em parte faz sentido - os coreanos buscaram criar um modelo que reunisse as principais virtudes de seus concorrentes.

Com tanta mistura, poderia se considerar, então, o Cerato sem pedigree, uma colcha de retalhos sem personalidade. Mas não foi essa a impressão ao dirigir o sedã da Kia pela Serra do Mar, entre Mogi das Cruzes e Bertioga, no Litoral Norte de São Paulo.

Em todos os aspectos, o Cerato mostrou ter identidade própria, apesar de muitos detalhes externos lembrarem outros veículos. Marca essa nova personalidade Kia um padrão de acabamento interno que a montadora coreana começa a impor como, por exemplo, mostradores amplos e funcionais num painel inovador.

O espaço interno para pernas, braços e cabeças está também bem resolvido para quem viaja à frente ou nos assentos traseiros. Material utilizado nas portas - um plástico que parece couro mesmo no tato - da versão de entrada , disposição de porta-trecos e visibilidade também surpreendem.

Mas a melhor sensação ficou por conta do motor 1.6 16V a gasolina, de 126 cavalos a 6.300 rpm, com torque máximo de 15,9 mkgf a 4.200 rpm. Na versão mecânica, o propulsor mostrou-se arisco, com boa resposta, inclusive em aclives acentuados. Se o objetivo era esportividade, o ajuste foi acertado. Só que é muito ruidoso para quem prefere uma condução mais suave.

A transmissão automática de quatro velocidades, com opção de trocas sequenciais, por sua vez, não agradou - as trocas e retomadas são lentas, não lembrando em nada a caixa manual.

A Kia diz que se baseou em medição do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ) para afirmar que, na versão mecânica, o Cerato faz na estrada 19 quilômetros por litro de gasolina - marca para lá de excepcional para um sedã de 4,53 metros de comprimento e 1,77 metro de largura, dimensões que batem concorrentes, como o Civic.

O presidente da Kia, José Luiz Gandini, disse que pretende vender até o fim do ano 3.000 unidades do Cerato, que ainda vai tentar tirar vendas do Honda City , Fiat Linea, VW Polo Sedan, Peugeot 307 Sedan e Nissan Sentra.

A versão de entrada do Cerato - que tem direção com assistência hidráulica progressiva, air bag duplo, CD player com MP3 e controle no volante, conectividade USB, além de rodas de liga leve aro 15 - parte de R$ 49,9 mil.

A segunda versão, também com câmbio manual, ABS e EBD, detalhes em aço escovado, tem preço de R$ 52,9 mil. A última versão, com transmissão automática e bancos em couro, já é vendida por R$ 57,9 mil. "São preços para brigar, mesmo recolhendo 35% de imposto de importação", afirma Gandini.