A violência voltou a assustar o Rio de Janeiro na madrugada desta segunda-feira. A avenida Brasil, na altura do bairro Bonsucesso, foi interditada após dois ônibus serem incendiados, uma estação de metrô foi alvo de vandalismo e, na avenida Princesa Isabel, em Copacabana, uma bomba foi atirada contra um supermercado e outras duas explodiram em frente a um hotel.

Na manhã desta segunda, os policiais do Serviço Reservado do 22º Batalhão da Polícia Militar prenderam o traficante Renato Azevedo Souza, o Xuxa, 23 anos. Ele confirmou que participou da ação e revelou que o ‘bonde da madrugada’ foi comandado por André "Moral", da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha.

No entanto, a ordem para André partiu de um integrante da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Segundo Xuxa, este integrante estaria detido em alguma penitenciária do Brasil, mas seu nome não foi revelado. A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que vai investigar se o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, está envolvido. Beira-Mar está preso na Superintendência da Polícia Federal de Alagoas desde a quinta-feira passada.

De acordo com Xuxa, o ato de vandalismo foi uma forma de protesto contra a construção do Batalhão de Polícia Militar da Maré. No entanto, a equipe de investigação acredita que a ação esteja ligada à prisão dos traficantes Jorge Alexandre Cândido, o ‘Sombra’, e o chileno Carlos Orlando Mesina Vidal, o ‘Gringo’.

Uma mulher, que ainda não teve sua identidade revelada, também foi presa para prestar maiores esclarecimentos. Ela é suspeita de também ter participado da ação.

O comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Renato Hortz, se reunir com assessores para discutir as ações criminosas desta madrugada. Entre outros itens, ficou decidido que o serviço de Inteligência da Polícia Militar e o grupamento Tático Móvel fará inspeções nas favelas do complexo da Maré, de onde teriam vindo os traficantes que incendiaram ônibus na avenida Brasil.

Vandalismo - Na avenida Brasil, além dos dois ônibus, dois carros de passeio também foram incendiados e um terceiro ônibus metralhado. A troca de tiros entre a Polícia Militar e traficantes da Favela Parque União, na Maré, responsáveis pela ação resultou na morte do tenente Gabriel Adelino, 24 anos.

Segundo informações da polícia, traficantes armados com pistolas e fuzis fecharam as quatro pistas da avenida e obrigaram os passageiros dos ônibus a descer, momento em que incendiaram os carros.

Segundo a cobradora do ônibus da linha 372 (Tiradentes-Pavuna), entrevistada pela Rádio CBN, pelo menos 50 bandidos participaram do ato de vandalismo - a polícia fala em, no máximo, 30 homens. A testemunha relatou ainda que, após os passageiros deixarem o ônibus, os traficantes jogaram gasolina nos veículos, mas como um não pegou fogo, foi metralhado.

Os bandidos conseguiram fugir. A perseguição parou na entrada da favela porque, segundo a cobradora, os policiais não estavam autorizados a entrar no local.

Em outro bairro, duas bombas de fabricação caseira foram jogadas contra o Hotel Meridien, na avenida Princesa Isabel, em Copacabana. Segundo testemunhas, dois homens em uma motocicleta atiraram os artefatos na fachada do prédio, quebrando uma vidraça. Após andarem mais alguns metros, jogaram mais duas em um supermercado da rede Princesa. Ninguém ficou ferido.

Mais cedo, o alvo de dois coquetéis molotov foi a estação do metrô de Del Castilho. Segundo a polícia, as bombas foram jogadas por volta das 3h desta segunda, quando a entrada da estação também foi metralhada.