De posiçoes firmes, mae Stella sempre se destacou na defesa da pureza da religao africana, sendo contra o sincretismo religioso, largamente praticado na Bahia. "Nao precisamos mais do sincretismo", costuma dizer, achando que a prática enfraquece a religiao. Ela lembra que quando a polícia reprimia o culto a deuses africanos no estado, na maioria dos terreiros de Salvador tinha missa de Sao Jorge. Era a forma que os negros encontraram para conciliar as duas religioes e escapar da repressao. "Hoje esse sincretismo, usado para legitimar o Candomblé, nao tem mais sentido", argumenta. Nesse aspecto, sua posiçao é exatamente igual à dos setores mais conservadores da Igreja Católica que pregam a separaçao no culto das duas religioes. Mas o sincretismo já está enraizado na vida da populaçao baiana. O exemplo mais significativo é a adoraçao dos baianos ao Senhor do Bonfim, santo que é identificado como Oxalá.
O tombamento do Ilê Axé Opô Afonjá reforça a luta de mae Stella pelo respeito mútuo entre as religioes, pois preservará, do ponto de vista legal, todo o acervo do terreiro. Qualquer intervençao física que venha a ser feita no local só poderá ocorrer com a aprovaçao da Uniao, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional. O Afonjá é o segundo terreiro tombado pelo Ipahn. O primeiro foi o Casa Branca, também de Salvador.
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