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Homem do Milênio é descoberto no Quênia
Do Diário do Grande ABC
06/12/2000 | 13:06
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Ao descobrir no Quênia o Homem do Milênio, hominídeo de seis milhoes de anos, paleontólogos quenianos e franceses deram um grande passo na direçao do período em que o homem e os outros grandes primatas se separaram, assinalam os cientistas após ter anunciado a descoberta em Nairóbi.

O mais antigo candidato ao ``posto' de decano da humanidade conhecido até agora, o Ardipithecus, encontrado na Etiópia, tem 4,5 milhoes de anos. O grande primata conhecido anteriormente, originário do Quênia, tem uma idade estimada de nove milhoes de anos. É precisamente entre essas duas datas que aconteceu a separaçao definitiva entre os ancestrais do homem e os primatas nao-humanos.

Brigitte Senut, do Museu Nacional de História Natural de Paris, acha que nao há nenhuma ambigüidade em relaçao ao fato de o Homem do Milênio, que ainda nao ganhou um nome científico, pertencer à linhagem humana. ``Trata-se efetivamente de um hominídeo'. ``Os estudos preliminares dos ossos do braço e da falange mostram que subia facilmente em árvores, enquanto o fêmur evidencia que era bípede ao deslocar-se por terra (...) seus dentes indicam que se alimentava em parte de frutos de casca dura. Os incisivos sao largos e robustos, enquanto os pré-molares e molares sao cobertos por um esmalte espesso. Seus caninos sao menores do que os dos grandes primatas, mas mais largos do que os dos homens modernos', explicou a paleontóloga.

Se for excluído um molar encontrado nos anos 70 por Martin Pickord, do College de France, o primeiro dos restos descobertos nos montes de Tugen (distrito de Baringo) foi encontrado em 25 de outubro passado, por Kiptalam Cheboi (Community Museums of Kenya, CMK). Depois, os trabalhos dos paleontólogos permitiram que se descobrisse outros fósseis de hominídeos (maxilares, dentes, úmeros, fêmures). No total, os membros da Expediçao Paleontológica do Quênia, afiliada ao CMK e financiada por College de France, Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) e Museu de História Natural da França, dispoem dos restos de cinco indivíduos, um deles de seis anos de idade.

Um dos fêmures tem marcas de mordidas. ``É provável que o hominídeo a que pertenceu esse osso tenha sido devorado por um animal, talvez um felino', estima Martin Pickford, um dos nove membros da missao.

O cálculo da idade dos fósseis nao é fácil, mas o dos sedimentos das jazidas em que foram encontrados nao foi difícil, tornando possível prever a idade dos fósseis encontrados.

Os paleontólogos esperam que as descobertas continuem, já que ``essa formaçao geológica é excepcional e abriga jazidas de um milhao a 15 milhoes de anos', explicou Senut.

Talvez os cientistas disponham nesta regiao queniana de uma ``mina de ouro', que poderia ajudá-los a preencher as lacunas que continuam existindo no estudo da evoluçao do homem. Mas ainda sao necessárias mais escavaçoes para confirmar esta hipótese.




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