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Kangoo: o patinho feio da Renault
Clarice Brandao
Enviada a Campo Grande
15/02/2000 | 18:30
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A Renault está lançando no Brasil, com seis meses de atraso, o Kangoo, uma van compacta importada da Argentina. Batizado de veículo multiuso, a minivan traz com duas opçoes de motorizaçao - 1.0 e 1.6 -, que podem receber duas opçoes de acabamento - RL e RN. Marcado pelo ótimo espaço interno, com 600 litros disponíveis no porta-malas, porta deslizante lateral e teto alto, o Kangoo quer fisgar principalmente as famílias que podem pagar entre R$ 19 mil e R$ 27 mil por um modelo de desempenho razoável e espaço de sobra.

Os responsáveis pelo lançamento sabem que terao de suar a camisa para furar o bloqueio do mercado brasileiro em aceitar inovaçoes conceituais. Que o mercado nacional é conservador, nao há dúvida entre os franceses. Mas eles apostam numa mudança de mentalidade, em que a funcionalidade do veículo - como consumo razoável de combustível, espaço interno otimizado e alta dirigibilidade - pese mais do que seu design externo.

A Renault nutre a expectativa de repetir no país o sucesso já alcançado pelo Kangoo em outros mercados desde que foi lançado, em outubro de 1997. Em seu país de origem, a França, foram vendidas 40 mil unidades em 1999. Fabricado na Argentina desde março, o Kangoo foi um dos responsáveis pelos 3,2% de participaçao da montadora nas vendas do ano passado naquele país.

O Renault Kangoo com motor 1.0 ou 1.6 alcança seu objetivo de oferecer funcionalidade e dirigibilidade, mas sem um desempenho agressivo como poderiam desejar alguns consumidores. Almejando ser eleito o carro da família, em que a conduçao do veículo está muitas vezes ligada à porçao feminina do casal, o Kangoo segue o conceito soft touch, com direçao leve, mesmo quando mecânica, pedais extremamente macios, suspensao correta (elevada em dois centímetros na tropicalizaçao) e baixo ruído interno. Além disso, num esmero pela segurança, traz air bag duplo de fábrica em todas as versoes.

A primeira impressao quando se entra no modelo é de se estar em um Renault Scénic devido à visibilidade de quase 290 graus proporcionada pela grande área envidraçada existente do pára-brisa à porta traseira. A porta lateral inteiriça e deslizante, alocada no lado direito do veículo, e a distância de apenas 14,5 cm do assoalho ao solo garantem facilidade de acesso dos passageiros ao banco traseiro.

Aliás, o banco traseiro é um dos pontos fortes da pequena van. O espaço de passageiros comporta três adultos de maneira decente, tornando-se extremamente confortável para a dimensao de três adolescentes ou crianças. Em parte, o fato pode ser creditado ao teto alto (1,87 m total e 1,08 m internamente) e a distância entre eixos de 2,60 m. Como item de segurança, o Kangoo traz quatro cintos de segurança de três pontos e apenas o terceiro traseiro abdominal.

A tampa do porta-malas é sustentada por amortecedores hidráulicos e pode ser aberta completamente até a altura de 1,28 m, o que facilita a retirada de bagagens.

O Diário avaliou o modelo 1.0 RN num percurso de 51,9 km pelas ruas de Campo Grande (MS). O motor D7D, fabricado na França, de quatro cilindros em linha e oito válvulas, encontrou dificuldades em manter uma velocidade desenvolvida em quarta marcha em pequenos aclives. Sendo um propulsor com 1.0 litro, de 59 cv de potência a 5,5 mil rpm, nao é possível esperar mais do que um desempenho razoável.

Já a versao 1.6 RN foi testada num percurso de 318,5 km entre a capital e a cidade turística de Bonito. Mais valente, o motor K7M, fabricado na Espanha, de quatro cilindros em linha e oito válvulas, reage satisfatoriamente às exigências de ultrapassagem.

Entre os itens de conforto opcionais, a direçao hidráulica está disponível apenas para os veículos com motor 1.6 e o ar-condicionado é uma verdadeira prova à lógica. Nas opçoes de acabamento RN, tanto o veículo com motor 1.0 como o 1.6 trazem de série o equipamento. Já na versao de acabamento RL, o ar-condicionado é opcional para o motor 1.0 e nao está disponível para 1.6.




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