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Greve paralisa linha de montagem da LG Eletronics
Do Diário do Grande ABC
05/10/1999 | 16:05
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Uma greve iniciada hoje paralisou totalmente a linha de produçao LG Eletronics, em Taubaté. Na primeira greve da empresa em três anos de atividade no Brasil, aproximadamente 95% dos 500 empregados aderiram ao movimento. O Sindicato dos Metalúrgicos local quer a abertura de negociaçoes para o pagamento da Participaçao nos Lucros e Resultados (PLR) e a permanência de um delegado sindical no interior da fábrica. A empresa se nega a aceitar as propostas e acusa os sindicalistas de agredirem e ameaçarem os empregados que queriam trabalhar. A paralisaçao é por tempo indeterminado.

A suspensao dos trabalhos na fábrica de monitores e na recém-inaugurada unidade de telefones celulares começou às 6 horas. Segundo o gerente-geral da LG, Reinaldo de Freitas, a entrada dos funcionários do primeiro turno foi impedida pelos manifestantes, que bloquearam o acesso dos ônibus no portao principal. O presidente do sindicato, Antonio Eduardo de Oliveira, disse que as adesoes foram espontâneas e revela que a empresa maltrata os trabalhadores e promove jornadas de trabalho excessivas, inclusive nos finais de semana, sob ameaça de demissao. "Essa greve é um capítulo à parte com a LG", comentou.

A empresa de capital coreano se mostra irredutível e disposta a confrontar os representantes da categoria. Segundo Freitas, a LG passa por um momento delicado devido a intensificaçao da crise econômica e a retraçao do mercado de informática, o que torna inviável o pagamento da PLR. Além disto os estoques estao altos e a companhia busca alternativas para superar a fase ruim na exportaçao. Atualmente, a cadência produtiva da unidade de monitores é de 2 mil peças por dia e a fábrica de celular ainda está em fase de instalaçao. "Estamos com uma negociaçao internacional no Mercosul e essa greve vai atrapalhar", afirmou.

Durante quatro meses deste ano, segundo a gerência da multinacional, a unidade brasileira esteve com seus estoques repletos e sem conseguir escoar a produçao. A greve é vista como uma atitude oportunista do sindicato, que tenta dar uma demonstraçao de força antes do início das negociaçoes da data-base, que devem ocorrer em novembro.

A empresa diz que paga os salários em dia, tem um alto grau de satisfaçao junto aos empregados e inexistem motivos para uma suspensao das atividades neste momento. "A linha está 100% parada e nao sabemos quando terminará a greve", reclamou Freitas, ainda sem prever os prejuízos.

Pelo lado do sindicato, as reclamaçoes contra a companhia sao muitas. O Ministério do Trabalho já recebeu duas denúncias, encaminhadas pelos sindicalistas, sobre maus tratos, horas-extras excessivas e descumprimento de itens do acordo coletivo. Oliveira afirma que há uma política interna na fábrica opressiva e repleta de abusos. Ele conta ter recebido reclamaçoes de empregados que foram castigados e tiveram que trabalhar em locais insalubres, além de operárias grávidas que foram proibidas de se sentar durante a jornada. "Temos muitos casos de desrespeito aos trabalhadores e o problema é localizado na LG", comentou o dirigente sindical.

A direçao da LG negou as irregularidade no tratamento de seus funcionários. O gerente Freitas disse que a fiscalizaçao do ministério esteve algumas vezes na fábrica e nunca fez qualquer autuaçao. Para ele, esse tipo de acusaçao é planejada e dirigida para afetar a imagem da companhia e tumultuar o ambiente.

Os sindicalistas devem promover durante toda semana protestos na porta da fábrica. Essa é a primeira greve por participaçao nos lucros na regiao de Taubaté. Segundo a entidade as outras empresas do município já negociaram e aceitaram o acordo proposto pela categoria.

Oliveira desmente qualquer agressao aos funcionários que quiseram entrar nas instalaçoes da LG e duvida que a companhia esteja em dificuldades, tal o volume de horas-extras e cobranças por produtividade. "Essa empresa nunca pagou a PLR e a situaçao era insuportável", reforçou.




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