Economia Titulo
FMI está reticente em emprestar dinheiro à Rússia
Do Diário do Grande ABC
19/01/1999 | 14:30
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Moscou recebe nesta terça uma delegaçao do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a qual reiniciará as negociaçoes sobre a ajuda financeira, mas os especialistas enfatizam o temor das instituiçoes internacionais em emprestar dinheiro à Rússia, cliente imprevisível e pouco dócil.

Todos os especialistas financeiros em Moscou estao em acordo em dizer que a Rússia nao obterá dinheiro a curto prazo. Somente o G7 e especialmente os Estados Unidos poderao decidir uma ajuda de emergência, por razoes política e nao econômicas.

``Existem muito poucas oportunidade de que o FMI crie outros fundos: a distância que os separa da Rússia é enorme', comenta o economista Roland Nash, do grupo financeiro Renaissance Capital.No máximo, dizem os analistas, Moscou poderá obter um acordo sobre a reestruturaçao de sua dívida com o FMI, que chega US$ 5 bilhoes em 1999.

Mas a Rússia deve ao conjunto de seus credores cerca de US$ 150 bilhoes, dos quais IS$ 17,5 pagos este ano. O governo já anunciou que nao poderá reembolsar mais de US$ 9 bilhoes, no melhor dos casos.

O FMI, de fato, têm excelentes razoes para nao dar mais dinheiro à Rússia. ``A reticência do FMI tem uma explicaçao simples: os empréstimos anteriores foram dilapidados ou roubados e o governo russo nao tem planos realistas para pagar esses empréstimos', afirma o economista norte-americano Peter Ekman, em entrevista publicada hoje no Moscow Times.

O orçamento de 1999, debatido nesta terça em sua segunda leitura na Duma, é considerado irrealista por esses analistas: o documento prevê um aumento global dos rendimentos fiscais, apesar de uma queda dos impostos, e aposta num dólar a 21,5 rublos, enquanto a moeda russa cai a cada dia e atingiu hoje 22,98 frente ao dólar.

``Nos últimos anos', indica Roland Nash, ``houve dois orçamentos diferentes: um aprovado pela Duma e outro negociado diretamente entre o FMI e o ministério das Finanças. O problema agora é que o ministério da Economia nao quer aplicar o orçamento preconizado pelo FMI', que exige, entre outros termos, um déficit reduzido até 1% ou 1,5% do PIB e, principalmente, um plano realista de pagamento da dívida.




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