O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), 70 anos, não agüentou a forte pressão a que vem sendo submetido no Congresso Nacional e resolveu renunciar ao seu cargo na noite desta quarta-feira. Com isso, ele evita uma possível cassação e garante seus direitos políticos. Ou seja, nas próximas eleições ele poderá aparecer como candidato a qualquer cargo público.

A carta de renúncia foi lida no plenário pelo senador Mão Santa (PMDB-PI), um dos grandes aliados de Roriz na Casa. Acusado de quebra do decoro parlamentar, o senador pelo Distrito Federal seria possivelmente notificado nesta quinta-feira sobre a abertura de um processo contra ele no Conselho de Ética do Senado, mas resolveu abandonar o cargo antes e agora não poderá mais ser cassado.

Agora, o ex-governador do Distrito Federal deve ser substituído por Gim Argello, seu primeiro suplente na Casa.

Joaquim Roriz foi flagrado pela Polícia Civil em conversas telefônicas com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin Moura negociando a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões 'emprestado' pelo presidente do Conselho Administrativo da Gol Linhas Aéreas, Constantino Oliveira. Roriz nega a acusação. Segundo ele, o cheque realmente foi emprestado, mas ele pegou apenas R$ 300 mil – para pagar a compra de um bezerro arrematada em um leilão – e devolveu o R$ 1,9 milhão restante a Constantino.

No entanto, de acordo com uma reportagem da revista 'Veja' (Editora Abril) desta semana, o dinheiro não seria para pagar um bezerro, mas sim para concluir o suborno a dois ministros do TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal) que teriam o livrado de uma cassação nas eleições do ano passado. Roriz, que era governador do DF e deixou o cargo para buscar uma vaga no Senado, foi acusado – e absolvido – de ter utilizado a máquina pública para fins eleitorais.

'Tiro no Pé' – O senador Joaquim Roriz chegou bem cedo nesta quarta-feira ao Congresso com a clara intenção de 'mexer seus pauzinhos' em busca de, na melhor das hipóteses, conseguir o arquivamento do seu caso. O parlamentar apareceu de surpresa na reunião da Mesa Diretora durante a decisão sobre a admissibilidade da representação do P-Sol contra ele e pediu que a decisão fosse adiada.

No entanto, os representantes da Mesa, entre eles seu co-partidário e presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não aceitaram o pedido e deram continuidade à análise.

A manobra do senador acusado era conseguir tempo para buscar junto aos senadores da base aliada do governo uma maneira de se livrar da cassação sem ter que renunciar. No entanto, Joaquim Roriz não contou com o apoio de seus colegas, o que acabou resultando na sua renúncia

Decisão - O senador Papaléo Paes (PSDB-AP), integrante da Mesa, disse que a decisão não foi tomada em cima dos documentos apresentadores por Roriz. “Me parece que ele esperava que a Mesa ouvisse as argumentações e tomasse uma decisão em cima do que ele disse. Mas não tomamos decisão em cima das argumentações dele. Nossa decisão é em cima de se aquela denúncia preenche todos os requisitos regimentais para ser encaminhada", assinalou o tucano.

Documentos - O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), recebeu nesta quarta-feira, do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), a documentação sobre as investigações relativas a Roriz.

Tuma esteve no MPDFT no último dia 28 para reunião com o procurador-geral de Justiça, Leonardo Azeredo Bandarra, e com assessores que acompanham as investigações da 'Operação Aquarela' a fim de pedir o acesso aos documentos apreendidos durante a operação e que se referem a supostas irregularidades atribuídas ao peemedebista.