Um total de 207 mil adultos e crianças contraíram recentemente a doença ou foram infectados pelo vírus HIV na América Latina e Caribe, segundo as últimas estatísticas da OPS, publicadas por causa do dia Mundial da Luta contra a AIDS.

"Neste ano, a campanha está orientada a crianças e adolescentes, grupos nos quais a epidemia está progredindo muito rapidamente", disse Paloma Cuchi, representante na OPS do Programa de Naçoes Unidas sobre a AIDS (ONUSIDA).

Mais de 65 mil jovens de 15 a 24 anos e 8 mil crianças de até 14 anos foram infectadas no ano passado com o HIV em todo o hemisfério.

Segundo a perita, "é preciso tomar consciência da situaçao em que vivem nossos jovens e de seu meio ambiente, pondo em marcha uma resposta que seja adequada às suas necessidades, incluindo distribuiçao de camisinhas, educaçao sexual compreensiva e programas de intercâmbios de seringas injetáveis".

O tipo de epidemia varia dentro da regiao. "No México, Area Andina, América Central e Caribe, a maior parte das infecçoes ocorre principalmente pela relaçoes sexuais sem proteçao", disse Cuchí.

Nos países do Cone Sul, fatores como intercâmbio de material contaminado destinado a viciados tem um papel importante. No Brasil, existe um padrao misto de epidemia. "Em geral, se pode dizer que o maior peso da epidemia em nossa regiao continua estando nos homens que têm relaçoes sexuais com outros homens", comentou a perita.

Neste ano, a estratégia mundial contra a AIDS lançou a campanha Escuta, aprende e vive, que centra sua atençao na comunicaçao com as crianças e os jovens. O objetivo é dotá-los com informaçao, dados e ferramentas para se proteger do HIV.

A comunicaçao aberta é considerada necessária para um diálogo sobre a saúde sexual e temas que podem parecer sensíveis. Desta forma, estima-se que podem ser superadas a ignorância, a desinformaçao e os temores sobre a infecçao HIV/AIDS.

Entre os fatores de avanço da doença nas Américas, a OPS identificou a grande mobilidade que tem certas populaçoes por diversos motivos, a falta de uma identificaçao de até 100% para o HIV de todo o sangue utilizado em transfusoes e a alta prevalência de enfermidades de transmissao sexual nao tratadas.

"É preciso melhorar nosso conhecimento da epidemia, dos comportamentos de risco para a infecçao por parte de nossas populaçoes, e o papel de outras variáveis sócio-econômicas e culturais para conseguir um real controle e prevençao do HIV/AIDS", disse Cuchí.

Estima-se que 32,4 milhoes de adultos e 1,2 milhao de crianças padecem de AIDS ou sao atualmente soropositivos em todo o mundo, sobre uma populaçao total de seis bilhoes de seres humanos.