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Mineiros terão de fazer exercícios físicos
Willian Novaes
Enviado especial ao Chile
13/09/2010 | 09:38
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William Novaes


Uma hora de exercícios físicos por dia. Essa será mais uma tarefa incorporada na rotina dos 33 mineiros presos há 38 dias a 700 metros de profundidade em uma mina no Norte do Chile.

A proposta da equipe médica de resgate é que seja garantida a integridade física e psicológica dos operários e ainda crie situações para preencher o tempo ocioso no refúgio. "Um personal trainer vai ser o responsável pelos programas individuais de reforço muscular", conta o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

O envio de cigarros, luz elétrica e o aumento no tempo dos contatos telefônicos não foram suficientes para acalmar os mineiros presos. Durante os contatos telefônicos semanais, além da troca de carinho e questionamentos sobre os filhos, netos e amigos, os soterrados disseram que não estão satisfeitos com a paralisação de um dos planos de resgate. Essas queixas trouxeram mal-estar generalizado ao acampamento Esperança no domingo gelado no deserto chileno.

Uma reunião de emergência entre as autoridades e as pessoas foi realizada para acalmar os nervos. "Meu irmão falou para mim que todos ficaram nervosos porque não estão mais ouvindo as máquinas trabalharem. Isso os deixou desanimados", conta a vendedora Maria Segovia, 52 anos.

Segundo Mañalich, foi válido a conversa, mas seria muita ingenuidade acreditar que não haveria dificuldades no resgate. "Entendemos os familiares, mas eles também precisam manter os ânimos mais tranquilos, com os contatos telefônicos e as cartas. Esse é um período muito difícil", disse a autoridade.

Entre os imprevistos, o último dos 42 caminhões que trouxeram as peças da perfuradora petrolífera canadense subiu a rampa de acesso da mina de São José. O motorista Julio Gomes estava emocionado com a entrega mais importante da sua carreira de 20 anos. A sua carreta transportou o motor da máquina que pode antecipar o salvamento dos 33 mineiros. O governo chileno acredita que até o dia 20 esta perfuradora comece a funcionar.

As críticas dos soterrados se deve ao o equipamento T 130 estar parado desde quarta-feira e ainda não ter previsão para o retorno. Os técnicos ainda não conseguiram solucionar o problema. Já a máquina Strada 950 alcançou os 231 metros de profundidade, num ritmo de 25 metros diários.

Neste fim de semana o tempo de contato telefônico passou de cinco para oito minutos por família e quem controla são os próprios mineiros. "Estão bem e apenas nervosos com a situação em si. Mas precisamos manter a fé e não adianta ter pressa. A paciência será muito necessária", conta o pedreiro Cláudio Rojas, 28.

Religiosos e motociclistas brasileiros visitam acampamento
Ontem em pleno deserto do Atacama o sol não apareceu e mesmo assim dezenas de pessoas compareceram ao acampamento Esperança. Entre os visitantes estavam freiras, religiosos de várias congregações, parentes, autoridades locais e seis motociclistas brasileiros.

"Viemos trazer um pouco de solidariedade para o povo chileno", disse o agrônomo Claudiomar Pegoraro, 39 anos. O grupo saiu no dia 7 do Rio Grande do Sul e percorreu 2.800 quilômetros. Para chegar na mina de São José, houve um contratempo entre os viajantes que precisaram de ajuda no Chile. "Buscamos por socorro em uma mina de ouro e recebemos o total apoio, não poderíamos deixar de vir até aqui", conta Pegoraro.

Em uma passagem rápida, os motociclistas seguiram viagem pela América do Sul.

A freira chilena, Julie Ruiz, 76, chegou cedo no acampamento para conversar com parentes dos mineiros. "A fé é muito importante nesta hora. Deus está aí para ajudar todas as pessoas, principalmente quem está em uma situação como esta", conta.

No decorrer do dia houve várias celebrações religiosas entre os chilenos e vários altares foram improvisados com imagens de santos e frases de incentivo.




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