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Salário nao deve pressionar inflaçao, diz Dieese
Do Diário do Grande ABC
28/11/1999 | 19:31
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No ano 2000, com muita sorte, o Brasil conseguirá apenas recuperar a massa de rendimentos de 1998, que já nao foi grande coisa perto de anos anteriores. Isso significa, segundo o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Sérgio Mendonça, que ninguém deve temer a volta da inflaçao por conta do discreto aumento de empregos deste fim de ano e da recuperaçao dos salários de grandes categorias.

Para o economista, a inflaçao pode voltar, mas causada por pressoes externas, por um eventual descontrole do câmbio, mas nao por um aumento de emprego e renda que produza um forte aquecimento da demanda.

"A mais otimista das previsoes de crescimento do país é a do próprio governo, de 4% no ano que vem", afirma. "Esse índice é insuficiente para que emprego e renda voltem ao nível de 1997 e talvez até mesmo ao de 1998."

O índice de rendimento real do trabalhador da Grande Sao Paulo, por exemplo, já caiu 8,2%, em média, este ano (até setembro), em relaçao à média de 1997, e 4,6% em relaçao à do ano passado. Já o índice que mostra a evoluçao da massa de rendimentos caiu ainda mais: 10,6% na comparaçao com 1997 e 5,1% em relaçao ao ano passado.

A massa de rendimentos é um indicador importante da capacidade de consumo da sociedade, pois o cálculo inclui nao apenas a renda, mas também os empregos disponíveis no mercado. Os números sao da Pesquisa de Emprego e Desemprego do convênio Seade-Dieese.

Mesmo com os recentes ganhos salariais de categorias fortes, em negociaçoes com empresários - bancários, metalúrgicos e químicos, por exemplo, tiveram reposiçao integral da inflaçao passada - nada indica que haverá um aquecimento do consumo no país que sirva de combustível para a inflaçao.

Tomando por base os meses de setembro dos últimos quatro anos, o rendimento médio dos ocupados (assalariados ou nao) só caiu. Já descontada a inflaçao (ou seja, trata-se do valor real) os trabalhadores tinham um ganho médio de R$ 929 em 1995. No ano passado, esse valor caiu para R$ 885. Este ano, para R$ 851.

É verdade que as estatísticas indicam recuperaçao do rendimento e do emprego neste fim de ano. Mas em anos anteriores isso também ocorreu e durou pouco. Trata-se de um fenômeno sazonal, que se reflete especialmente no comércio e no setor de serviços. Além disso, a recuperaçao da economia está muito lenta para compensar as perdas registradas em dois anos de recessao.




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