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'Nevermind', do Nirvana, completa dez anos
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
23/09/2001 | 17:42
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Sempre que o mercado lança uma banda bacana, como aconteceu recentemente com o Strokes, todos se perguntam: será o novo Nirvana? A verdade é que nenhuma delas lançou um álbum com um décimo da genialidade de Nevermind (1991), responsável por uma revolução no rock dos anos 90. Foi com ele que o mundo conheceu a música das garagens de Seattle, chamada grunge, as camisas xadrezes de flanela e seu principal líder, o vocalista Kurt Cobain (1967-1994).

É por essas e outras que Nevermind, que completa nesta segunda-feira dez anos, figura no topo das listas que elegem o título de rock do século XX. É chamado, por exemplo, de “o álbum que mudou o mundo”, pela revista Rolling Stone, ou aquele “que não só reinventou o rock, mas o salvou”, pela New Music Express. Indispensável, revolucionário, inovador – seja qual for o adjetivo, o mais certo é dizer que Nevermind é, antes de qualquer coisa, muito bom de ouvir.

E foi por isso que seu som pesado – e gritado – atingiu a massa e a mídia em tais proporções, coisa que nenhum roqueiro sonhador poderia imaginar. Madonna, Michael Jackson e Guns N’Roses foram destronados da primeira colocação das paradas para dar lugar a Smells Like Teen Spirit, o hit que invadiu as rádios e derrubou a muralha que separava música comercial e underground.

Com esse gancho, a MTV brasileira exibe nesta segunda-feira, ao vivo, a partir das 19h30, o programa Contato MTV: Especial Nirvana, com apresentação de Edgar Piccoli. Além da retrospectiva da banda, será mostrada uma entrevista por telefone com o autor da mais recente e comentada biografia de Kurt Cobain, Charles R. Cross.

No livro Heavier than Heaven, Cross sustenta a teoria de que se Cobain não tivesse cometido suicídio, em 5 de abril de 1994, ele teria morrido de overdose. Antes de puxar o gatilho, o vocalista injetou no braço o equivalente a US$ 50 em heroína mexicana, suficiente para matá-lo em poucas horas.

O Contato MTV vem na esteira de outras comemorações pelos dez anos de Nevermind. Além da biografia de Cross, o fotógrafo Steve Gullick lançou na Inglaterra um bem-acabado livro de fotos, Nirvana, pela editora Vision On; e o britânico Everett True, jornalista que ‘descobriu’ a cena musical de Seattle, lançou Live Through This pela Virgin Books. No entanto, o material mais esperado foi barrado pela viúva de Cobain, Courtney Love – uma caixa de discos com material inédito da banda.

Se Nevermind mudou a história do rock, a conseqüência sobre a banda, completada pelo baixista Krist Novoselic e pelo baterista Dave Grohl (hoje líder do Foo Fighters), foi ainda maior. Cobain dizia que o álbum era um acidente e não suportava ouvir suas canções. Ao vivo, fazia questão de tocá-las mais sujas e sempre sob o efeito de drogas.

Foi assim no único show que o Nirvana fez no Brasil, no Hollywood Rock, no estádio do Morumbi, em São Paulo. Era janeiro de 1993. Cobain mostrou-se visivelmente transtornado com a multidão que se acotovelava para ouvir sua música. Fez graça, ao trocar de instrumentos com Novoselic e Grohl e improvisar. E, antes de deixar o palco, fez questão de colocar abaixo toda sua estrutura: não restou amplificador, nem guitarra, nem caixas de som. Nadinha.




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