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Revoluçao islâmica: preocupaçao dos EUA com fracasso de política
Do Diário do Grande ABC
30/01/1999 | 17:00
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Vinte anos depois da revoluçao islâmica que tomou de surpresa os Estados Unidos, Washington ainda se preocupa com os erros de sua política em relaçao ao regime do Xá do Ira.

Enquanto as relaçoes com os países produtores de petróleo do Golfo, ricos e poderosos no plano estratégico, parecem avançar, os erros herdados do governo do presidente Jimmy Carter ainda se fazem sentir entre Washington e Teera.

Para muitos especialistas, a tenacidade cega com que o presidente Carter apoiou até o final o impopular e repressivo regime do Xá do Ira, continua sendo o eixo do problema.

``No final de contas, Carter deve ser considerado responsável pela política desordenada e confusa que contribuiu para a perda desastrosa da política norte-americana no Ira', disse James Bill, especialista em questoes do Ira da Universidade William and Mary (Virginia).

Segundo ele, ``anos de arrogância e influência cultural' por parte dos Estados Unidos formaram a base dos problemas que viriam, mas Jimmy Carter agravou a situaçao cometendo um erro depois do outro.

Para Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) de Washington, os Estados Unidos cometeram um duplo erro: nao reconhecer a realidade do regime iraniano e reagir tardiamente à deterioraçao da situaçao.

Entre os erros de julgamento cometidos pelo governo norte-americano na época estao os cumprimentos de Ano Novo de Jimmy Carter a Teera em 1978 - num momento em que a oposiçao ao regime autocrático do Xá se fazia sentir na sociedade iraniana. Carter qualificou o Ira de ``uma ilha de estabilidade numa das regioes mais perturbadas do mundo'.

Nove meses mais tarde, o Xá declarava a lei marcial e três meses depois deixava precipitadamente o país, num momento em que a oposiçao se reunia em torno do aiatolá Khomeini, um líder religioso praticamente desconhecido por Washington e com quem o governo norte-americano evitou a entrar em contato.

O novo regime iraniano também cometeu erros, recordou o ex-secretário de Estado adjunto para Assuntos do Oriente Médio, Richard Murphy, ao mencionar a invasao da embaixada norte-americana em Teera em novembro de 1979 e a tomada de 52 diplomatas norte-americanos como reféns, que desencadeou dia 7 de abril de 1980, a ruptura das relaçoes diplomáticas entre os dois países.

Washington decretou em 1995 o embargo econômico total contra o Ira, reforçado no ano seguinte com a chamada lei d'Amato, que pune as empresas estrangeiras que investirem nos setores de petróleo e gás do país.

Depois da eleiçao em 1997 de um presidente religioso moderado no Ira, Mohammad Khatami, muitos nos Estados Unidos pedem uma aproximaçao com Teera, entre eles o ex-secretário de Estado durante o governo Carter, Cyrus Vance.

Segundo Vance, restabelecer os vínculos com Teera permitiria cicatrizar feridas, mas admite que isto exigirá ``vontade política combinada com uma dose de fé'.




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