Economia Titulo Novos negócios
Na crise, empreender pode ser uma saída
Julia Alves
Especial para o Diário Online
25/04/2017 | 14:18
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Divulgação


Após dois anos de crise, os moradores do Grande ABC apostam no empreendedorismo para enfrentar a recessão. De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a região ganhou 4.287 MEIs (Microempreendedor Individual) no primeiro trimestre deste ano, uma modalidade que tem sua formalização facilitada e impostos reduzidos. No mesmo período do ano passado, foram legalizados 4.159 microempreendedores.

Após ser demitido da empresa em que estava há quatro anos, Guilherme Marques, 22 anos, decidiu se tornar um microempreendedor individual. “Estava me formando em Publicidade e sem emprego na área. Decidi vender meu carro, usar uma parte do dinheiro para quitar dívidas e o restante foi investido para fundar a Zion, uma agência de propaganda.” O andreense comprou móveis, equipamentos, alugou uma sala comercial e inaugurou o negócio em seguida. “Como eu estava sozinho, os primeiros meses foram difíceis. Busquei formas gratuitas de aprender a parte administrativa, a partir de livros e da internet.”

A são-caetanense Dayane Moretto, 27, trabalhou como designer por oito anos até que decidiu criar a empresa Alecrim. “Trabalhava em um ambiente de muita loucura e pressão. Além de ganhar um salário baixíssimo. Então montei um ateliê dentro de casa, comecei a criar estampas e vender camisetas personalizadas.” Hoje, Dayane consegue se manter apenas com o lucro proveniente da empresa. As vendas são feitas pelas redes sociais, mas a empresária está desenvolvendo um site e partirá para o e-commerce em breve.

As lojas virtuais são uma opção para quem deseja abrir seu negócio com pouco investimento e com chances de expansão, como é o caso de Gustavo Brunello, 30, que abandonou uma carreira estável em uma multinacional para fazer o que ama. Dois anos atrás, o empresário investiu R$ 1.000 na venda online de marmitas congeladas. “Conciliei a empresa e meu emprego por seis meses. Eu e meu sócio tirávamos do faturamento apenas o que fosse necessário, todo o resto era reinvestido na empresa.” Há dois meses, a Lucco Fit inaugurou sua primeira loja física, onde os clientes escolhem a refeição congelada e a consomem no próprio ambiente.

Para iniciar no empreendedorismo com tranquilidade, a coach de carreira Pamella Botelho destaca quatro passos importantes: definir os objetivos que se quer obter, questionar os motivos que levaram à mudança, planejar-se e definir datas para concretizar o que foi planejado. “O planejamento é o mais importante, é onde serão definidos os passos seguintes e como eles serão executados. E mais do que planejar, é necessário cumprir o que se determina. Isso exige disciplina e determinação.”

Antes de formalizar a empresa, Pamella recomenda que os profissionais estudem a concorrência e vejam o que ainda não está sendo feito. “Desenhe seu negócio com foco nos diferenciais, seja na produção ou no atendimento ao cliente. Por falta de estudo, acabamos vendo diversas empresas que são cópias umas das outras.” Ela também destaca a importância de conectar-se com empreendedores da área para trocar experiências e conhecimentos. “Dessa forma, é possível conhecer métodos e saber como funciona o empreendedorismo na prática.”

Os investimentos no novo negócio devem ser feitos com cautela, como explica o gestor financeiro Luciano Brandassi. “Para iniciar, a empresa precisa de uma reserva financeira. Os empréstimos devem ser utilizados somente em último caso, mas na falta de recursos próprios, o ideal é buscar uma linha de financiamento, que apresenta uma taxa menor de juros em comparação com empréstimos pessoais.” Brandassi também destaca que o empreendedor deve ter controle das receitas e despesas da empresa. “Esse controle é fundamental para evitar dívidas. Além disso, é preciso definir metas para recuperar o investimento no negócio. Caso tenha condições de quitar a dívida rapidamente, faça isso. Se não, trabalhe com parcelas a longo prazo, mantendo o fluxo de caixa organizado e sem realizar novos empréstimos.”

Quem trabalha por conta própria pode se legalizar como MEI. A formalização é gratuita e pode ser feita pelo link www.portaldoempreendedor.gov.br. O Sebrae-SP também realiza a formalização em seus 33 escritórios no Estado de São Paulo. O Microempreendedor Individual será registrado no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais. Além disso, a empresa será enquadrada no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais, pagando apenas o valor fixo mensal de R$ 47,85 para comércio ou indústria, R$ 51,85 para a prestação de serviços ou R$ 52,85 para empresas de comércio e serviços.




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