Autor conta o que o levou a querer
ir a fundo nesta história tão chocante
Até onde você iria por amor? Existe limite do que é certo ou errado quando se vê a companheira de uma vida inteira sofrendo sem fim? Em um domingo ensolarado, Nelson Irineu Golla, 74 anos, foi ao extremo para acabar com o sofrimento da mulher, Neusa Maria Golla, 72, que estava presa a uma cama após sofrer dois AVCs (Acidente Vasculares Cerebrais). Ele fabricou uma bomba caseira e, abraçado à companheira, acendeu o pavio para tentar colocar fim à própria vida juntamente com a de Neusa, que morreu.
Baseado nesta história real, de setembro de 2014, e inconformado com tantas perguntas sem respostas sobre o ocorrido, o jornalista Vitor Hugo Brandalise, 32, deu vida ao livro O Último Abraço – Uma História Real Sobre a Eutanásia no Brasil (Ed. Record, 140 páginas, R$ 25, em média), que será lançado hoje, no Sesc Santo André, a partir das 20h. O autor também é convidado do projeto Sempre Um Papo e vai debater a questão. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos na bilheteria com uma hora de antecedência.
Em conversa com o Diário, o autor conta o que o levou a querer ir a fundo nesta história tão chocante. “O caso foi noticiado em apenas dois jornais. Olhei aquilo, vi aquela matéria e fiquei esperando alguém ir atrás. Uma reportagem pequena não responde como ele viveu depois de um ato como esse? Por que usou uma bomba? Eram muitas perguntas sem resposta”, relembra Brandalise.
Golla e Neusa compartilharam a vida por 54 anos, sendo 47 desses casados.Se conheceram ainda na juventude, na Vila Prudente, na Capital, onde ambos moravam. Às sextas-feiras, durante o namoro, caminhavam até São Caetano para assistir a algum filme no cinema da cidade ou namorar na praça. Mas, apesar de tentar saber mais detalhes da história do casal motivado pela atitude de Nelson noticiada no jornal, a intenção do autor, em nenhum momento, foi a de contar apenas um dramático romance.
O Último Abraço levanta diversas questões relacionadas à história que são tratadas como tabu pela sociedade, como a eutanásia, a solidão na velhice, o suicídio na terceira idade, os cuidados paliativos para pacientes terminais, entre outros. Ele se baseou em dados e na opinião de profissionais de diversas áreas. “O senhor Nelson sempre disse que o que ele fez nada mais foi do que uma eutanásia, que cumpriu o desejo da mulher. Ele acredita nisso. Foi morte consentida e faço discussão sobre isso no livro”, finaliza.
>‘O Último Abraço – Uma História Real Sobre a Eutanásia no Brasil''. Debate e lançamento do livro. No Sesc Santo André, Rua Tamarutaca, 302. Hoje, a partir das 20h. Entrada gratuita.
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