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Terrence Malick transforma drama em poesia
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
11/08/2011 | 08:11
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Divulgação


O distanciamento parece deixar alguns cineastas cada vez mais interessantes. Longe das listas de estreias desde 2005, quando apresentou uma nova versão sobre o conto da índia Pocahontas em O Novo Mundo, Terrence Malick decidiu reaparecer nesta temporada.
A expectativa foi tamanha que A Árvore da Vida, que chega amanhã aos cinemas de São Paulo, teve estreia especial no Festival de Cannes, na França. A sessão teve (estranha) repercussão entre os presentes: alguns convidados chegaram a vaiar a produção. Apesar de tudo, o júri oficial gostou do resultado e o elegeu vencedor da cobiçada Palma de Ouro deste ano.
Para o público que está acostumado apenas a acompanhar sessões de blockbusters hollywoodianos, talvez o trabalho do cineasta possa parecer estranho. A questão é que Malick é um artista da sétima arte que utiliza as câmeras, cenários e atores como meios capazes de apresentar poesia.
A trama - escrita pelo norte-americano - se passa na década de 1950 e acompanha uma típica família da época. Enquanto a carinhosa mãe (Jessica Chastain) cuida dos três filhos, o pai durão (Brad Pitt) tenta ensinar aos garotos disciplina e lições sobre o mundo adulto. As atenções se voltam para Jack (Hunter McCracken na infância e Sean Penn no futuro), o mais velho do trio. As relações familiares entre todos são mostradas entre idas e vindas temporais, em viagem que lembra o início do universo, o tempo dos dinossauros e chega a modernidade dos centros urbanos. Em meio a tudo, o diretor lança imagens do céu, vulcões e do mar.
Tudo pode parecer muito confuso, mas tem sentido. A vida é assim e cada um terá sua própria percepção do longa-metragem. A questão parece tão complexa que talvez seja necessário muitas sessões de A Árvore da Vida para se tentar compreender algo.
É importante saber que muito do que se vê na tela remete a acontecimentos pessoais de Malick. Primogênito de sua família, ele carrega a culpa de não ter ajudado um dos irmãos, que estudava violão com professor extremamente exigente. Quando se negou a buscá-lo, o rapaz cometeu suicídio.
O drama acaba por ser o mais emocionante e pessoal da carreira de apenas sete filmes dirigidos pelo cineasta. É no tom religioso presente na produção que se nota a busca que vai além do cinema.




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