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Grande ABC apresenta seus 'Obamas'
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
20/11/2008 | 07:00
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De Martin Luther King a Barack Obama. Não importa a nacionalidade, perseverança sempre é a palavra comum em todas as histórias dos negros que obtiveram êxito. No dia da Consciência Negra, o Grande ABC apresenta histórias de sucesso.

Contrariando expectativas de fracasso, - como as mostradas no estudo da Fundação Seade e do Dieese (Departamento Intersindical Estudos Socioeconômicos) que calculam que 16,7% dos negros na região estão desempregados, enquanto o índice é de 12,5% para os brancos - alguns cidadãos do Grande ABC usam a determinação como aliada, superam o preconceito, e obtém desfechos positivos.

É o caso do vice-prefeito de Diadema, Joel Fonseca (PT). "Nasci em Sergipe, em uma família humilde, não tive oportunidade de estudar", lembra. Aos 18 anos Joel foi convocado pelo Exército. "Aproveitei para fazer um curso de capacitação lá dentro, consegui uma profissão e vim para São Paulo tentar mudar meu destino", conta.

Joel foi trabalhar em uma metalúrgica e, se esquivando do preconceito, entrou para o sindicato da categoria e aos poucos traçou seu caminho. "Não foi fácil. Afinal, a tendência é que dê errado, mas tenho orgulho de ser o primeiro vice-prefeito negro de Diadema e acho que todos devem acreditar que raça não é sinônimo de capacidade", enfatiza.

O sociólogo do Observatório Econômico de Santo André, Paulo Henrique Silva, diz que apesar de ser menos comentado, o preconceito ainda é forte nos dias atuais. "O Brasil foi um dos últimos países a acabar com a escravidão, até hoje sofremos reflexo disso".

Para ele, a situação dos negros é complicada. "É um círculo vicioso, os negros ganham 44% a menos que os brancos, - R$ 4,54 e R$ 8,08 por hora de trabalho, respectivamente - com isso os filhos precisam ajudar n o sustento da família e acabam abandonando os estudos, conseqüentemente têm dificuldades para conseguir bons empregos e o ciclo recomeça", explica.

Mesmo assim, há quem consiga superar estas barreiras. Cal Francisco poderia ser apenas mais um migrante do nordeste, porém traçou seu destino. "Sou o único da família que conseguiu concluir o Ensino Superior, sempre fui o único negro da faculdade, o único negro do trabalho", conta o professor universitário e editor-chefe da Rádio Eldorado. "É hipocrisia dizer que foi fácil chegar onde estou. Sofri e ainda sofro discriminação, mas não me abalo e acredito que todos devem agir assim", diz.

"É tudo uma questão de ter oportunidade e saber usá-la", conta Francisco Martins, dono da agência Martins Publicidade. Aos 14 anos ele entrou como aprendiz em uma empresa e saiu dela aos 32 anos, com formação superior e a agência, em Santo André, que hoje tem 12 funcionários.




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