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Família de estudante doa rins e córneas
Do Diário do Grande ABC
27/01/1999 | 17:26
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Quatro pacientes baianos - duas crianças e dois adultos -, foram beneficiados, nesta quarta-feira, com a doaçao dos rins e das córneas do estudante Danilo Ramos Belém, de 19 anos, que morreu na noite desta terça-feira no Hospital Geral do Estado. O rapaz havia tentado o suicídio no dia 22, disparando um tiro de revólver na cabeça. Foi levado ao hospital em estado de coma onde morreu na noite desta terça-feira. A família de Belém, que mora no bairro Matatu de Brotas, de classe-média, em Salvador, autorizou a retirada dos órgaos para os tranplantes.

O coraçao e o fígado nao puderam ser doados porque na Bahia nao se realizam esses dois tipos de transplante. Os órgaos poderiam salvar outras vidas em Estados com condiçoes de fazer as cirurgias, mas a doaçao esbarrou na falta de condiçoes financeiras para o transporte dos órgaos a tempo. O coraçao pode ser utilizado para transplante até seis horas depois de retirado do corpo do doador, enquanto o fígado resiste 18 horas.

O médico George Bastos, que coordena a central de órgaos na Bahia lamenta as dificuldades enfrentadas pelo sistema lembrando a grande carência de órgaos disponíveis para transplantes. "Seria necessário um jatinho à disposiçao para recolher as doaçoes a tempo em todo o Brasil e infelizmente, no momento, nao existe recursos para isso", disse, observando que a dimensao continental do País acaba prejudicando esse transporte.

"Trabalhei muito tempo na Inglaterra onde se pode ir em qualquer localidade, internamente, em no máximo em uma hora", comparou. Segundo Bastos, pela legislaçao brasileira é ilegal a família de um paciente pagar o transporte de um órgao doado. "Como foi criada uma lista de espera nacional, nao se pode prever se o primeiro dessa relaçao em determinado momento é um paciente em condiçoes de arcar com essas despesas de transporte", explicou.

Na Bahia, a central de órgaos tem uma fila de 200 pacientes à espera de um rim para transplante, embora estime-se que mais de dois mil necessitem de um transplante do tipo no Estado. Bastos informou que a central criou uma lista inicial de 200 pacientes porque, por enquanto, o sistema só tem capacidade de realizar exames laboratoriais necessários ao transplantes desse número de candidatos a receber órgaos.




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