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Manente pode ganhar força com ida de PMDB para a situação
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
24/01/2010 | 07:17
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A saída do PMDB de São Bernardo da oposição para compor a base de sustentação do governo Luiz Marinho (PT) é considerada remota pelos agentes políticos da cidade. Porém, se os dois vereadores peemedebistas da Câmara - Tunico Vieira e Gilberto França - forem forçados a deixar a aliança contrários à administração, quem pode sair ganhando é o presidente do Legislativo, Otávio Manente (PPS).

Isso porque o popular-socialista comanda o chamado bloco híbrido da Câmara, formado por dois vereadores de seu partido - ele e Marcelo Lima e pela dupla de parlamentares do DEM - Ramon Ramos e Fábio Landi.

Com a atração dos peemedebistas, o plenário da Casa apresentaria 12 vereadores a favor de Marinho e oito da oposição (hoje há divisão igualitária de 10 a 10 e Manente desempata para a gestão petista).

Com a maioria absoluta, manter o bloco híbrido junto à base governista custaria ainda mais para o Executivo. Esse grupo é aliado, mas pode flutuar livremente pelo centro por dois motivos.

O primeiro é fato de o quarteto ter sido criado após o início dos trabalhos legislativos do ano passado, em abril. Assim, a formação é posterior à eleição e não houve antes do pleito qualquer pacto de fidelidade absoluta. O segundo refere-se ao posicionamento das legendas do bloco - PPS e DEM - andarem ao lado do PSDB nos âmbitos nacional e estadual. Com isso, a proximidade com o PT é restrita à esfera municipal, suscetível à intervenção superior.

O governo Marinho trouxe as legendas para a base de sustentação por meio de acordos políticos. Ao PPS, que aderiu à campanha petista no segundo turno, após derrota na corrida pelo paço do deputado estadual Alex Manente, cedeu uma secretaria (de Comunicação), alguns cargos no segundo e terceiro escalões e o apoio para que Otávio Manente assumisse a presidência da Câmara.

Para o DEM, que durante a eleição também foi adversário do governo - a sigla compôs com a administração somente em dezembro, dois meses após o pleito -, concedeu a subprefeitura do Riacho Grande (nas mãos de Fausto Landi, irmão do vereador Fábio Landi) e outros cargos no Executivo.

O parlamentar Ramon Ramos (DEM), do bloco híbrido, acredita que as chances de o PMDB integrar a base de sustentação são remotas, mas se isso ocorrer seu grupo "ganha peso".

"Caso essa aliança se concretize, o PMDB ficará mais próximo do PT por consequência da composição nacional. E aí podemos obter força por representarmos partidos com características diferentes", analisa o democrata.

Os outros vereadores do bloco não foram encontrados para comentar o assunto.

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O bloco híbrido, formado por PPS e DEM, foi criado na Câmara de São Bernardo em abril. À época da criação do grupo, também chamado de centrinho, seus integrantes ressaltaram que a intenção não era "atrapalhar" a governabilidade do prefeito Luiz Marinho (PT), mas sim exercer papel de agente fiscalizador.

Na prática, era o resultado atual que estava em jogo: ganhar força juntos, para obter maior poder de barganha junto ao governo. "Continuamos dando tranquilidade ao prefeito Marinho dentro da Câmara, mas não vamos dizer amém sempre. Só para o que for bom para a cidade", justificou Ramon Ramos, há quase um ano.

O presidente da Casa, Otávio Manente, explicou na oportunidade que a formação fortaleceria o trabalho dos integrantes do quarteto. "Teremos mais força para discutir projetos com o Executivo", considerou.

A atividade do bloco rendeu comentários de especialistas. "Fica muito claro que o prefeito perderá força. A partir de agora ele terá de negociar a votação de projetos duas vezes: com a bancada governista e com a do meio, que ficará um pouco à margem para negociar projetos. E aí, é óbvio que a oposição ganha, pois poderá rejeitar projetos com a ajuda desse bloco", analisou o advogado especialista em direito público Alberto Rollo.




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