Nacional Titulo
Incêndio destrói documentos na AR de Pinheiros
Do Diário do Grande ABC
11/06/1999 | 21:10
Compartilhar notícia


Um incêndio criminoso, na madrugada nesta sexta-feira, queimou documentos importantes de setores sob investigaçao da Administraçao Regional de Pinheiros, em Sao Paulo. O fogo atingiu duas salas onde funcionavam o cadastro (com dados sobre imóveis, comércio e postos de gasolina) e o setor de bancas de revista.

Um artefato utilizado para dar início ao fogo, que nao funcionou, foi encontrado pela polícia em uma terceira sala do prédio da regional, na Avenida Frederico Hermann Júnior, esquina com a Rua Nicolau Gagliardi. "O incêndio foi premeditado por alguém que pretendia queimar documentos", afirmou o delegado Joao Batista de Araújo, titular do 14.º Distrito Policial, onde o caso foi registrado.

O promotor de Justiça Roberto Porto, que investiga a máfia dos Fiscais da prefeitura de Sao Paulo, esteve no local à tarde, acompanhado pelo delegado Romeu Tuma Júnior. Ele está convencido de que a intençao do incendiário era mais ambiciosa. "Pela localizaçao das salas atingidas, longe umas das outras, minha avaliaçao é de que a pretensao era colocar fogo em toda a regional."

No sábado, dia 29 de maio, outro incêndio - ao que tudo indica também criminoso - destruiu documentos das Delegacias Regionais de Ensino que estavam na tesouraria da Secretaria Municipal de Educaçao, na Alameda Joaquim Eugênio de Lima, na zona oeste. No mesmo prédio funciona a Corregedoria Administrativa do Município, que investiga denúncias de irregularidades na Prefeitura. O órgao era entao presidido pelo vice-prefeito Régis de Oliveira.

Cópias - O administrador regional de Pinheiros, Maurício Marcos Monteiro, disse nesta sexta-feira que há cópias e registros em computador de todo o material queimado. "Sao documentos facilmente recuperáveis", disse. O registro na delegacia foi feito por um vigia da regional.

Monteiro, que tomou posse em Pinheiros no dia 10 de fevereiro, foi exonerado do mesmo cargo em 1996, quando comandava a regional do Jabaquara. Na época, o entao prefeito Paulo Maluf (PPB) tomou a decisao por entender que Monteiro agiu "sem autorizaçao superior, de forma inconveniente e desumana... descabida... nos procedimentos que adotou na área onde ocorreu o desastre com o aviao da TAM", segundo nota oficial divulgada na ocasiao.

Dois dias após o acidente com o Fokker 100 da TAM, em 31 de outubro de 1996, dois fiscais da AR-Jabaquara vistoriaram casas que foram atingidas pelos destroços e, por isso, tinham os telhados quebrados. Exigiram reparo imediato, sob ameaças de multas.

Máfia - Uma das salas queimadas, onde funciona a fiscalizaçao de bancas de revista da AR-Pinheiros, fica ao lado do gabinete do administrador. Lá, foram queimados alvarás de funcionamento e termos de permissao de uso de centenas de bancas de revista. O uso ilegal de áreas públicas por bancas está sendo investigado pelo Ministério Público. "A suspeita é de que existam muitos termos de permissao falsos", explica a promotora de Habitaçao e Urbanismo Mabel Tucunduva.

O responsável pelo setor na regional, engenheiro Walter Martinelli, afirmou que há 319 bancas de revistas na regiao. Dessas, já foram vistoriadas 100. Entre elas, há pelo menos 10 casos irregulares. A prisao do fiscal Marco Antônio Zeppini na AR-Pinheiros (entao controlada pelo vereador Faria Lima) deu origem à investigaçao sobre a máfia dos Fiscais.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;