A Rússia e os ocidentais adotaram, esta sexta-feira, em Istambul, vários documentos para prevenir as guerras na Europa, mas ao preço de um compromisso sobre a Chechênia que nao impede, porém, que a ofensiva russa continue. Os 54 estados participantes da cúpula firmaram um novo acordo de desarmamento convencional (CFE), uma Carta de Segurança para o século XXI e uma declaraçao final mencionando o conflito checheno.

No entanto, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, baixou um pouco o entusiasmo ambiente, anunciando que nao submeteria o tratado CFE à ratificaçao, enquanto Moscou nao respeitar suas cláusulas. A Rússia teve que concordar que sua mobilizaçao de tropas no Norte do Cáucaso, para a guerra contra os rebeldes chechenos, violava ``temporariamente' as disposiçoes do novo tratado CFE.

Na declaraçao final da cúpula, negociada passo a passo esta quinta-feira à tarde, a Rússia finalmente se comprometeu, a contragosto, a reconhecer que a OSCE ``poderia contribuir' em busca de uma soluçao política.

O parágrafo sobre a Chechênia ``reafirma' a integridade territorial da Federaçao da Rússia e condena o terrorismo.

Também insiste sobre a necessidade de respeitar as regras da OSCE, e de criar condiçoes para permitir a ajuda humanitária das organizaçoes internacionais. Do mesmo modo, anuncia uma visita ``à regiao' do presidente da OSCE. Mas, na regiao do conflito, os bombardeios nao cessaram durante todo o tempo de realizaçao da cúpula.

O ministro russo das Relaçoes Exteriores, Igor Ivanov, fez sua própria interpretaçao do compromisso, afirmando que nao poderia caber ``mediaçao ou ingerência estrangeira' no conflito.

``A posiçao da Rússia sobre a Chechênia nao significa um recuo e nem está sujeita a alguma modificaçao', declarou Ivanov, pouco antes da assinatura do texto. Em Moscou, seu colega do Interior, Vladimir Ruchailo, rechaçou a necessidade de uma mediaçao e anunciou que nao haverá retirada de forças russas da Chechênia.

Esta quinta-feira, Boris Yeltsin havia convencido seus colegas da OSCE da necessidade da operaçao russa. ``Milhares de mercenários treinados na Chechênia e no exterior se preparam para semear o terrorismo no mundo', havia dito Yeltsin. ``As críticas sao inaceitáveis da parte dos que nao compreenderam que devemos deter a tempo o câncer do terrorismo, para que nao se estenda fora das fronteiras da Federaçao da Rússia'.

A carta sobre a segurança, que confirma as regras de conduta dos Estados-Membros e desenvolve as capacidades da OSCE, foi adotado com 24 horas de atraso, devido a desacordos sobre a Chechênia.

A Carta confirma as regras de conduta dos Estados-Membros e trata de repartir os papéis entre as organizaçoes internacionais para consolidar a segurança na Europa. Também prevê reforçar as capacidades de manutençao da paz da OSCE.